Bairro Popular: um quadradinho cheio de história (e atrativos) no coração de Goiânia

Parte baixa do projeto de mudança da Capital, a partir da Avenida Araguaia em direção ao Córrego Botafogo, abrigou os primeiros moradores formados por funcionários públicos e operários

Thaís Muniz
Por Thaís Muniz
98bfa85463494355fc0483d7bc9a2589

O Setor Central ou Centro de Goiânia, como é mais conhecido, foi projetado pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima em 1933, ano do lançamento da pedra fundamental da cidade e executado nos anos seguintes, o bairro antigamente era bem menor do que é hoje. As Avenidas Araguaia, Goiás e Tocantins são largas, como Pedro Ludovico Teixeira queria, para se diferenciarem das ruelas da, então, cidade de Goiás Velho.

 

Essas três principais avenidas se dirigiam para o Centro do poder: a Praça Cívica, com os prédios que abrigariam o Palácio do Governo e os órgãos públicos, se encontrando com a Avenida Paranaíba. Foi através desse projeto que o bairro teve início. Os primeiros moradores foram abrigados na parte mais baixa, que ficava a partir da Avenida Araguaia em direção ao Córrego Botafogo.

 

Mas o que muita gente não sabe é que essa região antigamente se chamava ‘’Bairro Popular’’ e foi o primeiro bairro da cidade, sendo construído juntamente com a construção da nossa capital lá na década dos anos 30. Em termos de localidade, esse pequeno bairro começava mais ou menos na Avenida Paranaíba e ia até a Avenida Independência, e abrigava grande parte dos funcionários do governo que trabalhavam nas obras da cidade. E foi a partir daqui que Goiânia começou a se expandir.

 

praça
Praça Cívica antigamente (Foto: Hélio de Oliveira)

 

 

Mais interessante ainda, é saber que grandes obras e monumentos da capital, primeiramente pertenciam ao Bairro Popular. Separamos para você saber quais eram eles:

 

 

Mercado da 74

 

mercado

Reprodução

 

 

O Mercado Bairro Popular, popularmente conhecido como Mercado da Rua 74, foi construído na década de 50 e foi entregue aos goianienses, num tempo em que aquela região ainda se chamava Bairro Popular. Nessa década, vários outros estabelecimentos desse tipo foram construídos em bairros diversos da cidade, como em Campinas e no Setor Pedro Ludovico. Por algum tempo, os mercados foram centros comerciais, onde se achava de tudo um pouco. Com o crescimento da cidade, foram ficando esquecidos, tanto pela população, quanto pelo poder público. Se tornaram lugares sem muitos atrativos para o público em geral. Até que, nos anos 2000, um projeto da Prefeitura de Goiânia reformou e revitalizou esses espaços, dando nova vida aos mercados.

 

 

Pastelaria do Meu

 

pastelaria

 

Dentro do Mercado da 74, também existe uma das pastelarias mais conhecidas de Goiânia: a Pastelaria do Meu. Fundada em 1964 por Geraldo Lemes, conhecido como ‘’Meu’’, e sua esposa Maria de Lemes, a ‘’Minha’’, são os comerciantes mais antigos do mercado. O local já recebeu inúmeras celebridades goianas, políticos e jogadores de futebol do Goiás, Vila Nova e Atlético Goianiense. Além do cardápio diversificado de pastéis, o lanche carro chefe da casa é o Biscoito Frito.

Praça do Trabalhador

 

praça
Foto encontrada no portal Scielo Brasil

 


No projeto inicial da cidade de Goiânia, a Avenida Goiás ligava a Praça Cívica à Praça do Trabalhador, local no qual se encontrava a Estação Ferroviária. Essa Praça foi nomeada como Praça Doutor Americano do Brasil em homenagem ao escritor e médico que fez parte da história de Goiás, e integrava o antigo Bairro Popular. Local de grande aglomeração de trabalhadores que transitavam por Goiânia e cidades próximas, o local se tornou ponto de encontro para protestos estudantis e de trabalhadores. Além disso, a estação passou a receber trens de carga e passageiros apenas em 1952, dois anos após sua inauguração. No entanto, funcionou apenas até a década de 80, quando o pátio ferroviário precisou ser transferido para uma cidade vizinha, Senador Canedo. O local também é palco para a tradicional Feira Hippie.

 

Restaurante Popular

dona
Dona Lourdes preparando um Doce de Figo

 

Um dos locais mais tradicionais da memória e culinária goiana. O Restaurante Popular, da dona Maria de Lourdes Salomão, existe desde 1976 e ainda hoje é um dos grandes pontos de tradição de quando existia o antigo Bairro Popular, que mais tarde foi integrado ao Centro de Goiânia. A ideia do restaurante veio quando dona Lourdes, ainda funcionária pública, se casou e foi morar com os sogros, numa tradicional casinha em estilo art déco na Rua 72. De lá para cá, são muitas histórias que ajudaram o restaurante a se tornar um dos mais tradicionais da capital, além do ambiente nostálgico que nos faz lembrar de casa de vó. 

Córrego Botafogo

córrego
Goiânia nos anos 50, onde supostamente era o córrego Botafogo (Foto encontrada no portal Ambiente Legal)

Por mais distante que pareça ser, há muitos anos o córrego da avenida botafogo era um local que os moradores iam para se divertir e refrescar. Nos primeiros anos da construção de Goiânia, parte daquela região ainda integrava o Bairro Popular e as pessoas realmente se banhavam nas águas do córrego.

 

Colégio Estadual José Honorato

cepi
Reprodução

 

Uma das mais conhecidas redes de ensino de Goiânia, junto com o extinto Colégio Estadual José Carlos de Almeida (inaugurado em 1937 ainda como Grupo Escolar Modelo), o José Honorato é uma tradicional escola da rede pública que existe há muitos anos na Rua 59, hoje integrada ao Setor Aeroporto. Atualmente, a escola se tornou Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) de Goiânia, se tornando uma das principais referências da capital.

Acidente do Césio 137

cesio
Equipamento com césio-137 foi aberto em casa na Rua 57, no Centro de Goiânia — Foto: (Divulgação/ Cnen) (Paula Resende/G1)


Memórias tristes também fazem parte da história de Goiânia. Com dimensão mundial, o drama provocado pelo acidente com o césio-137 foi vivido de forma ainda mais intensa em alguns pontos da cidade que foram evacuados na época por causa do alto índice de radiação. Um dos principais, foi o terreno na Rua 57, local que antigamente integrava o Bairro Popular. 

 

O acidente começou no dia 13 de setembro de 1987, quando os catadores de recicláveis Wagner Mota Pereira e Roberto Santos encontraram o aparelho de radioterapia abandonado na sede do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), no Setor Aeroporto, que estava desativado. Eles levaram a peça de chumbo e metal, para a casa do Roberto, localizada na Rua 57, hoje Centro de Goiânia, onde começaram a desmontá-la.

 

Na época diversos lugares da região, incluindo o Mercado Popular da 74, precisaram ser fechados e evacuados por conta do alto índice de radiação que se espalhou na cidade.

 

 

 

Fontes e Informações: Alego; Wikipedia; Portal A Nova Democracia; G1 Goiás; Seplam GO; TV UFG; Jornal O Popular

 

 

 

Veja também: Dona Lourdes e seu Restaurante Popular: inspiração e sucesso em tempos de crise

 

Conheça a história por trás dos mercados populares de Goiânia

 

Projeto reúne acervo de fotos antigas de Goiânia contando histórias que vão te surpreender

 

Heróis da resistência: 11 lanches clássicos que fazem parte da história de Goiânia até hoje!