Artistas com deficiência exibem seus talentos em Festival em BH

O festival começa a partir de amanhã até sábado, e estará disponível no YouTube

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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A partir de terça-feira (1) até sábado (5) artistas com deficiência se reunirão para apresentarem seus talentos no Festival Acessa BH. Inclusive, o bailarino cego Oscar Capucho e o ator cadeirante Luciano Mallmann são algumas das atrações. O evento poderá ser acompanhado no YouTube até o final do mês de junho.

Capucho participa de dois espetáculos: “E a cor a gente imagina” e “Motus”. O primeiro é protagonizado por ele e Victor Alves. De acordo com o bailarino, “E a cor a gente imagina” explora as diferentes percepções “do corpo cego” e “do corpo que enxerga”.

O hip-hop marca o trabalho de Victor Alves, enquanto Oscar se especializou em balé. Em 2016, ele participou da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, no Rio de Janeiro.

Em “Motus”, Oscar Capucho atua ao lado de cinco integrantes da Ananda Cia. de Dança Contemporânea. Inspirada no poema “Congresso internacional do medo”, de Carlos Drummond de Andrade, a peça mescla dança e gestos com a língua brasileira de sinais (Libras), utilizada pelos surdos.

Na quinta-feira (3), o ator Luciano Mallmann apresenta “Ícaro”, monólogo inspirado em depoimentos de cadeirantes. Mesclando realidade e ficção, ele se baseia tanto em sua própria experiência quanto na vivência de pessoas que sofreram lesão medular.

A ideia de criar o festival surgiu em 2016, quando a produtora cultural Lais Vitral assistiu a um espetáculo que oferecia audiodescrição e tradução em Libras. O “clique” veio quando ela se deparou com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando que 24% da população brasileira é portadora de algum tipo de deficiência.

“Eu não tinha contato com essas pessoas. Nem protagonizando peças, na plateia e nem na equipe de produção. Pensei: como um quarto da população brasileira pode estar invisível para mim e para a cultura? Foi aí que comecei a pensar no que eu, como produtora, poderia fazer.”

As restrições impostas pela pandemia redirecionaram o festival para o meio digital, explica Laís. Todos os espetáculos terão tradução em Libras, legendas e audiodescrição. Gravados em vídeo, eles serão disponibilizados às 20h no canal do Acessa BH no YouTube, onde prosseguem até 30 de junho.

Na terça-feira, o festival será aberto com “Corpo sobre dança”, inspirado na trajetória do artista plástico irlandês Francis Bacon. O trabalho do coreógrafo e diretor Matheus Abranches mescla gestos e imagens de pinturas ilustrativas e figurativas.

Fechando a programação, “Proibido elefantes”, do grupo potiguar Giradança, reúne elenco formado por pessoas com e sem deficiência para discutir acessibilidade e inclusão.

Veja a programação completa:

1 de junho

20h: “Corpo sobre tela”. 

Com Marcos Abranches (SP)

 

2 de junho

20h: “Motus”. Com Ananda Cia de Dança Contemporânea (MG)

 

3 de junho

20h: “Ícaro”. Com Luciano 

Mallmann (RS)

 

4 de junho

20h: “E a cor a gente imagina”.

Com Victor Alves e Oscar Capucho (MG)

 

5 de junho

20h: “Proibido elefantes”. 

Com Giradança (RN)

 

Imagem de capa: Luciano Mallmann | Reproduzida da Internet