UFG lança dicionário goianês com mais de 300 expressões

Ebook gratuito preserva a memória popular ao catalogar mais de 4 mil palavras

Adelina Lima
Por Adelina Lima
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Mais de 4 mil palavras e 300 expressões pronunciadas pelos goianos foram reunidas em um livro de acesso gratuito pela internet. É o Dicionário Goianês, criado pelos servidores técnico-administrativos aposentados da Universidade Federal de Goiás (UFG): Armando Honório da Silva e Ismael David Nogueira. Termos e expressões coloquiais da zona rural no Brasil Central no século XX é o título do trabalho que tem o objetivo de registrar e preservar a memória popular. Expressões como “Cair que só um patinho“, “Como coisa que…” e “Corja ruim” recebem devidos significados.

Acesse aqui o Dicionário Goianês

O dicionário pode ser bastante útil, sobretudo, quando dois ou mais goianos estiverem “engatados” naquela prosa afiada que ora atravessa gerações, ora fica para trás. “O que está na boca do povo vai se perdendo e nos preocupamos com isso. Muito do que ouvíamos quando jovens, não se usa mais. Por isso, o que fizemos foi uma tentativa de preservação”, comenta Armando Honório.

Armando e Ismael ficaram de 2009 a 2016 “assuntando” e anotando termos que dizem do modo como as pessoas se relacionam umas com as outras no trabalho, no lazer, com a natureza, entre outras manifestações culturais. Eles recorreram aos ouvidos, à atenção imediata e também às próprias recordações. “Não há registro sistemático dessa linguagem em lugar algum, sua fonte de pesquisa é a memória das pessoas mais antigas e as conversas casuais do cotidiano presente”, escreve Ismael, no livro.

Os autores

O eBook tem um quê de biográfico. Ismael é natural de Mato Grosso. Quando menino, ele viveu com a família perto de um garimpo, de onde retirou boa parte de seu repertório. Já Armando, neto de mineiros, nasceu em Goiás, morou em Pontalina, trabalhou em lavoura por cinco anos e em 1967 entrou para o quadro de servidores da UFG. Atualmente, mesmo aposentado desde 1994, continua colaborando com a Universidade, atuando nos arquivos do Departamento de Contabilidade e Finanças. Já Ismael, que se aposentou em 2017, retornou à terra natal. “O livro, na verdade, é a vida da gente”, resumiu Armando, com emoção.

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