Dia 7 de novembro é o Dia do Radialista. A data é uma homenagem ao compositor, músico e radialista Ary Barroso, que nasceu em 7 de novembro de 1903. Mas os profissionais de rádio também festejam o 21 de setembro, pois foi nesta data em 1943 que o então presidente Getúlio Vargas assinou a lei que criou um piso salarial para a profissão.
Rádio é um sistema de emissão e transmissão de som, que recorre às propriedades das ondas hertzianas. Também se dá o mesmo nome à estação radiodifusora que transmite programas diversos, utilizando as mesmas propriedades.
As ondas de rádios tratam-se de um tipo de ondas eletromagnéticas que possuem frequências menores que as do infravermelho e as das micro-ondas. E as frequências que correspondem às ondas de rádio vão de 3 kHz (ou 3.10³ Hz) e 300 Ghz (300.109 Hz). E se tratando de ondas eletromagnéticas, elas podem propagar-se no vácuo, indo na velocidade da luz.
Foi James Clerk Maxwell (1831-1879) o responsável por prever a existência dessas ondas, usando cálculo matemático. Mas foram os experimentos realizado pelo físico Heinrich Hertz (1857-1894) que detectaram e produziram artificialmente esse tipo de onda, isso aconteceu em 1887. Foi através de tais experimentos que a natureza de onda da radiação eletromagnética foi comprova.
Mas foi apenas em 1895 que o primeiro transmissor de ondas de rádio foi produzido por Guglielmo Marconi (1874-1937), sendo esse comercializado por volta do ano de 1900. Existem muitas tecnologias que usam as ondas de rádio, tais como: satélites, os radares, a televisão digital, rádios AM e FM, telefonia móvel, entre outros.
Já a origem do rádio em Goiás se distingue do alvor deste meio de comunicação em outras partes do mundo. Uma das características que demarca esta distinção está na tecnologia utilizada por aqueles que criaram as primeiras emissoras. As primeiras experiências ocorreram por intermédio de sistemas de alto-falantes. Isso se deu ainda na década de 1920, na cidade de Ipameri.
A importância de tratar deste modo de comunicação no Estado está na representação que a maioria dos primeiros profissionais fazem de sua existência. Muitos deles afirmam que o rádio em Goiás deve muito aos sistemas de alto-falantes. Esta dívida, refere-se ao fato de que o sistema de alto-falantes pode ser considerado a escola onde os profissionais aprenderam a trabalhar em rádio. Foi através deles que muitos admiradores e ouvintes apaixonados desenvolveram a habilidade de se expressar e falar diante do microfone.
No final da década de 30, Goiás ainda apresentava-se pouco urbanizado, enfim, com um capitalismo pouco desenvolvido. Havia uma extrema precariedade dos meios de transporte e fragilidade da produção industrial. Porém, um aumento significativo de indústrias já ocorria. Com o desenvolvimento industrial, surge a necessidade da força de trabalho, o que fez com que o Estado tomasse medidas para atrair grandes levas de trabalhadores que passaram a chegar de todos os lugares do Brasil, inclusive, de outros países.
Com isso, centros urbanos e industriais foram surgindo rapidamente em várias partes do Estado. Os sistemas de alto-falantes foram as primeiras experiências de veiculação comunicacional mediada por meios tecnológicos em Goiás. O jornal “Ypameri” da cidade de Ipameri publica em novembro de 1927, a seguinte nota:
Alto Falante na Praça da Liberdade Por iniciativa do Sr. Victorino Bevinhati, proprietário da casa de modas a Esmeralda, brevemente o publico ypamerino terá occasião de ouvir, de um possante alto falante cuja campanula será collocada em frente a mesma casa, as irradiações emanadas dos principaes paizes americanos e europeus. Terá uma derivação para a confeitaria Floresta para o prazer de seus freqüentadores (Jornal Ypameri, novembro de 1927).
Nesse período havia a dificuldade de comunicação entre as cidades do interior e os grandes centros. Contudo, os acontecimentos mundiais já eram ouvidos em Goiás através de aparelhos receptores. E essas mesmas informações eram re-transmitidas, tanto pelos sistemas de alto-falantes, como por jornais locais. Nesta época existia apenas um rádio receptor na cidade de Ipameri, de propriedade de um “coronel ricaço”.
O início do rádio em Goiás aconteceu de forma precária, tanto no que diz respeito à tecnologia utilizada quanto ao contexto econômico do Estado. Goiânia, onde foi fundada a primeira emissora, estava com nove anos de existência. A primeira emissora de rádio, no entanto, é criada em janeiro de 1942, a Amplificadora Cultural de Anápolis, obra de Abelardo Velasco. Esta emissora sofria forte influência do modelo norte-americano e colocava a questão comercial como fundamento de suas programações. Ao seu lado havia também uma estatal (a Rádio Clube) que foi utilizada como porta voz de Getúlio Vargas até o fim da Segunda Guerra Mundial. As atividades desenvolvidas, no entanto, eram muito amadorísticas em relação ao que acontecia nos países desenvolvidos e nas grandes metrópoles. Contudo, na rádio Clube de Goiânia a preocupação com a “receita” da emissora foi convertido em questão a ser resolvida.
Programa de Auditório na rádio Clube de Goiânia. Foto: Reprodução/A história do rádio em Goiás
Assim, após a Amplificadora Cultural surge a segunda emissora de rádio do Estado, primeira a seguir os trâmites legais estabelecido pelo Estado, tratando-se da rádio Clube de Goiânia com o prefixo ZYG-3. Esta surge no dia 05 de julho de 1942, obra de Venerando de Freitas Borges, o prefeito da cidade na época.
Até 1946 a comunicação radiofônica em Goiás se restringiu à Amplificadora Cultural de Anápolis e à rádio Clube de Goiânia. Neste ano Goiás recebe o apoio de mais uma emissora para preencher o ar com a voz dos locutores e com um conjunto de produções culturais; surge em 1946 a rádio Carajá de Anápolis, obra de João Simonetti e Ermetti Simonetti, que semelhante à rádio Clube foi criada de acordo com as normas e preceitos racionais estabelecidos pelo Estado, embora com algumas dificuldades.
A origem do rádio em Goiás conta ainda com a quarta emissora de rádio que surge em 1947, a rádio Xavantes de Ipameri. Há um fato marcante na história desta emissora, que se refere à sua criação. Esta foi criada por um cidadão ipamerino cujo nome é César Augusto Ceva. Este era filho de Waldemar Ceva, um integrante do grupo que atuava na construção da Estrada de Ferro Goyas, que adentrava Goiás pela cidade de Ipameri no início do século XX.
Locutores no estúdio da rádio Xavantes na década de 1940 – Arquivo de Beth Costa
A indústria cultural esteve presente nas emissoras de rádio goianas desde o início com uma programação recheada de produções culturais provenientes de empresas brasileiras (Rio/São Paulo) e norte-americanas. Contudo, ainda não eram determinadas pela racionalização da comunicação radiofônica. Isso só veio ocorre de fato a partir de 1950 com a Rádio Brasil Central de Goiânia.
Podemos dividir a história do rádio em Goiás da seguinte forma: a primeira fase se restringiu ao período de sua origem, ou seja, de 1942 a 1947, período em que o rádio emergia no Estado, com o predomínio do amadorismo, do improviso, uma época marcada pelo experimento da comunicação radiofônica, pelo entusiasmo e glorificação da transmissão da voz humana e a inexistência de uma indústria cultural.
Foto: Reprodução/Hélio de Oliveira/Arquivo Pessoal
A segunda fase ocorreu de 1950 a 1963, considerada aqui como a época de ouro do rádio goiano. Se até 1947 a distinção maior foi o amadorismo e o experimento, a década seguinte marcou o desenvolvimento do profissionalismo e o estabelecimento definitivo de uma tecnologia do rádio, assim como o alvor de instituições promotoras de produções culturais.
Já a terceira fase se refere ao período entre 1964 e início da década de 1980, é quando o rádio se torna uma arma e instrumento direto do Estado militar e sofre com a concorrência da televisão.
Por fim, a quarta fase ocorreu de 1980 aos dias atuais, é quando o rádio assume de vez uma complexidade nunca vista antes em sua história, onde a racionalização assume seu ápice de desenvolvimento na comunicação radiofônica.
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Foto de Capa: Reprodução/Cruzeiro FM