10 poemas de Cora Coralina, a goiana que encantou o mundo

Cora Coralina é o pseudônimo da eterna e lendária Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889-1985). Natural da cidade de Goiás-GO, aos 15 anos Anna se autodenominou ‘Cora‘, em menção a palavra coração. Doceira de profissão, começou a escrever versos e poemas com 14 anos, no entanto, seu primeiro livro O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais só foi publicado quando tinha 75 anos. Cora é de longe uma das mais importantes escritoras brasileiras.

Mesmo tendo concluído apenas as quatro primeiras séries, Cora Coralina gerou tamanho impacto como escritora que recebeu, em 1983, o título de Doutor Honoris Causa da UFG. A autora possui diversas obras, algumas publicadas ainda em vida e, outras, póstumas. Dentre elas estão: Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais (poesia), 1965 (Editora José Olympio); Meu Livro de Cordel, (poesia), 1976; Vintém de Cobre – Meias confissões de Aninha (poesia), 1983; Estórias da Casa Velha da Ponte (contos), dentre outras.

Tamanho é o orgulho que temos dessa goianinha, que preparamos uma lista com 10 poemas + bônus para vocês, assim como a gente, lerem (ou ouvirem) e se emocionarem:

 

1. Aninha e Suas Pedras
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

 

2. Desistir…
Eu já pensei seriamente nisso,
mas nunca me levei realmente a sério;
é que tem mais chão nos meus olhos
do que o cansaço nas minhas pernas,
mais esperança nos meus passos,
do que tristeza nos meus ombros,
mais estrada no meu coração
do que medo na minha cabeça.

 

3. Mulher da vida
Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.
Mulher da Vida, minha irmã.
Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis.
Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por
aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas. Contaminadas,
Escorchadas. Discriminadas.
Nenhum direito lhes assiste.
Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos caminhos,
pisadas, maltratadas e renascidas.
Flor sombria, sementeira espinhal
gerada nos viveiros da miséria, da
pobreza e do abandono,
enraizada em todos os quadrantes da Terra.
Um dia, numa cidade longínqua, essa
mulher corria perseguida pelos homens que
a tinham maculado. Aflita, ouvindo o
tropel dos perseguidores e o sibilo das pedras,
ela encontrou-se com a Justiça.
A Justiça estendeu sua destra poderosa e
lançou o repto milenar:
“Aquele que estiver sem pecado
atire a primeira pedra”.
As pedras caíram
e os cobradores deram s costas.
O Justo falou então a palavra de eqüidade:
“Ninguém te condenou, mulher…
nem eu te condeno”.
A Justiça pesou a falta pelo peso
do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada.
Possuída e enxovalhada,
ela é a muralha que há milênios detém
as urgências brutais do homem para que
na sociedade possam coexistir a inocência,
a castidade e a virtude.
Na fragilidade de sua carne maculada
esbarra a exigência impiedosa do macho.
Sem cobertura de leis
e sem proteção legal,
ela atravessa a vida ultrajada
e imprescindível, pisoteada, explorada,
nem a sociedade a dispensa
nem lhe reconhece direitos
nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
que um homem a tome pela mão,
a levante, e diga: minha companheira.
Mulher da Vida, minha irmã.
No fim dos tempos.
No dia da Grande Justiça
do Grande Juiz.
Serás remida e lavada
de toda condenação.
E o juiz da Grande Justiça
a vestirá de branco em
novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida
humilhada e sacrificada
para que a Família Humana
possa subsistir sempre,
estrutura sólida e indestrurível
da sociedade,
de todos os povos,
de todos os tempos.
Mulher da Vida, minha irmã.

 

4. Assim eu vejo a vida
Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

 

5. Todas as Vidas
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera
das obscuras!

 

6. Saber Viver
Não sei…
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura…
enquanto durar.

 

7. Humildade
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

 

8. O Cântico da Terra
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
Cora Coralina

 

9. Meu Epitáfio
Morta… serei árvore,
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.
Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.
Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

 

10. Das Pedras
Ajuntei todas as pedras
Que vieram sobre mim
Levantei uma escada muito alta
E no alto subi
Teci um tapete floreado
E no sonho me perdi
Uma estrada,
Um leito,
Uma casa,
Um companheiro,
Tudo de pedra
Entre pedras
Cresceu a minha poesia
Minha vida…
Quebrando pedras
E plantando flores
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude dos meus versos.

 

Bônus

Frases para levar no coração

-Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
-O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
-Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.
-Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.
-Poeta não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso.
-Mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros.
-A verdadeira coragem é ir atrás de seu sonho mesmo quando todos dizem que ele é impossível.
-Não lamente o que podia ter e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou.
-Nunca escreverei uma palavra para lamentar a vida. Meu verso é água corrente, é tronco, é fronde, é folha, é semente, é vida!

 

Para refletir sobre o propósito da autora

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!

 

Becos de Goiás (em homenagem à nossa terrinha)

Becos de Goiás
Becos da minha terra…
Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,
e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha, jogada no monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,
Descendo de quintais escusos sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
Na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada

Artista goiana lança livro sobre seu blog nesta quarta-feira em Goiânia

Renata Marra publica o blog “Dupla delícia”, há mais de 10 anos, falando sobre questões essenciais da vida. Seu livro é a realização de um desejo antigo de seu público fiel, está sendo lançado pela Fonte Editorial, de São Paulo, e terá lançamento aberto ao público, hoje, às 19:30, no Poema Café, do Goiânia Shopping.

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https://dupladelicia.blogspot.com/

Renata é também atriz do casting da Rede Globo, tendo participado de produções como “A Mulher Invisível”, além de novelas e séries. Foi também repórter internacional de um programa de turismo no SBT de São Paulo, fazendo matérias nos Estados Unidos, Europa e América Latina.

SERVIÇO

Lançamento do livro Dupla Delícia de Renata Marra

Onde: Poema Café, Goiânia Shopping (Av. T-10, 1300 – St. Bueno, Goiânia)
Quando: Quarta-feira, dia 03/07
Horário: 19:30
Entrada Franca
Informações: (62) 3095-6739

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5 escritores goianos que todo mundo deveria ler

A cultura goiana é rica em seus mínimos detalhes. Desde a história, a culinária maravilhosa, a cultura, festas, festivais e procissões, os goianos mandam bem em todos os aspectos. Dessa vez, no entanto, o destaque vai para os grandes nomes da literatura que fazem das palavras suas obras de arte.

É importante destacar que, a literatura tem um papel fundamental na formação de todos os indivíduos. Ela é a responsável por estimular a criatividade, a imaginação e por auxiliar na construção de diversos conhecimentos. 

Pensando nisso, listamos abaixo 5 escritores goianos que merecem sua atenção e que são muito importantes para a Literatura Goiana. Confira:

 

Cora Coralina

Provavelmente é uma das autoras mais reconhecidas na literatura brasileira. Tendo concluído apenas a 4ª série do ensino fundamental, Cora encanta a todos que entram em contato com seus livros, poemas, poesias e artigos que destilam a alegria de viver. Seu primeiro livro foi lançado em junho de 1965, quando já tinha quase 76 anos de idade.

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”Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir…

Ajuntando novas pedras

e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha

um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

e não entraves seu uso

aos que têm sede.”

 

 

José Godoy Garcia

Natural de Jataí, José morou no Rio de Janeiro na década de 30 e ao retornar para Goiás publicou o “Rio do Sono”, que fala do fazer poético e do que inspira um escritor. Além disso, o autor teve diversas obras publicadas como: Araguaia Mansidão (1972); Aqui é a Terra (1980); Entre Hinos e Bandeiras (1985); Os morcegos (1987); Os dinossauros dos sete mares (1988) dentre outros.

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”Os Sobreviventes

Quando todos imaginavam a vida sem sentido

chegaram de manhã os sobreviventes,

e levantaram suas moradas, estiveram no rio,

procuravam o rebanho disperso, preparavam

o alimento, cantavam, derramavam

o suor nos campos, faziam fogo à noite

rememoravam o corpo de suas mulheres,

despachavam os barcos, pela manhã.

As chuvas eram sempre bem-vindas,

as chuvas levantavam o pó da terra

e enchiam de confiança a face da vida.

As mulheres viam nascer dentro de si

um novo rebento, os seus ventres cresciam.

Nenhum sinal de confiança quando as mulheres

apareciam de ventre crescido.

Os dias eram os mesmos, a esperança

e a desesperança eram as mesmas.”

 

J.J. Veiga

Veiga entrou para o rol dos escritores notáveis da literatura nacional com obras como “Os cavalinhos de Platiplanto”, “A hora dos ruminantes” e “A Máquina Extraviada”. Recebeu o prêmio Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras em 1997. O autor nasceu em Corumbá de Goiás e é considerado um dos maiores escritores em língua portuguesa do realismo fantástico.

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”Escrevo para conhecer melhor o mundo e as pessoas. Quem prestar atenção verá que os meus livros são indagativos, não explicativos. Isso faz deles um jogo ou um brinquedo entre autor e leitor; ambos indagando, juntos ou não, e descobrindo – ou não. Os meus textos são um exercício, ou uma aventura, ou um passeio intelectual. Eles não ‘acabam’ no sentido tradicional, e nesse não acabar é que entra a colaboração do leitor. Mais tarde encontrei esta frase num livro de Julien Gracq: ‘Escrevo para saber o que vou encontrar’. Fiquei feliz.”

 

Bernardo Élis

Também nascido em Corumbá de Goiás, Élis foi o primeiro e único membro goiano da Academia Brasileira de Letras. Foi poeta, contista e romancista, além de advogado e professor.

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”Tarde de Novena

Ingenuidade macia das tardes de novena,

com os sinos dos Passos batendo,

pausado, molengo,

sobre o poente que pegou fogo.

Fervores honestos gemendo

sobre o poente que se alarga e se estende,

congesto,

pela noite adentro,

pondo rubras palpitações

nas trevas do ocidente,

– grandes borboletas de fogo

espanejando cegas sobre as essas.”

 

Gilberto Mendonça Teles

O escritor faz parte do seleto grupo de autores de Goiás que ultrapassaram as fronteiras do estado e ganharam visibilidade na literatura brasileira. Nascido em Bela Vista de Goiás, é conhecido tanto pela sua produção poética como pelos seus importantes estudos sobre o modernismo e a vanguarda na poesia.

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”No Foz do Tejo

E todavia a trave na garganta

e a grossa mão medrosa sem poder

interpretar sequer o que repete,

o que soletra, o que rumina há séculos,

nós, gagos de Babel, babamos versos.”

 

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