Folha abandona Facebook e deve estimular debandada de páginas confiáveis da rede

O jornal Folha de São Paulo decidiu parar de publicar seu conteúdo no Facebook. O anúncio, feito nesta quinta-feira (8) na própria página da rede social, marca a despedida da maior fanpage de um veículo de comunicação do Brasil. São quase 6 milhões de seguidores que deixam de receber as notificações a partir de hoje.

A decisão veio em tom de crítica ao Facebook que resolveu mudar os algoritmos e diminuir o alcance orgânico das publicações de páginas com o argumento de combater as chamadas fake news, ou notícias falsas. Mas, segundo especialistas, a mudança tem a ver com a estratégia de aumentar receita da empresa de Mark Zuckerberg. “O Facebook quer forçar os donos de páginas a investir em links patrocinados, a principal fonte de renda da rede social. É um tiro no pé e um contrassenso, uma vez que a tendência é a debandada dos veículos que produzem conteúdo confiável e abre espaço para os canais de notícia falsa”, acredita Carlos Wilian, criador da Revista Bula, a maior página de jornalismo cultural do país, com 2 milhões de seguidores. “Se o caminho do Facebook for esse, a tendência é que também deixemos de publicar conteúdo na página em breve”, avalia.

O rumo do Facebook, ainda a maior rede social do mundo, começa a render resultados negativos à empresa sediada no Vale do Silício, nos EUA. De acordo com a Parse.ly, empresa de pesquisa e análise de audiência digital, em janeiro, o volume total de interações (compartilhamentos, comentários e curtidas) obtido pelas 10 maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook caiu 32% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Com a queda do alcance das páginas, o Facebook perde espaço como fonte de acessos a sites de jornalismo. De acordo com a Parse.ly, empresa de pesquisa e análise de audiência digital, a participação da rede social nos acessos externos caiu de 39% em janeiro do ano passado para 24% em dezembro. O espaço vem sendo ocupado principalmente pelos mecanismos de busca, como o Google, que no mesmo período avançou de 34% para 45%.

Altemar Santos, do site Mais Goiás, também acredita que a mudança da rede social é meramente uma estratégia comercial para forçar a publicidade por meio das publicações. “O que vamos fazer é buscar se adaptar à mudança de algoritmo do Facebook”, explica.

O próprio Curta Mais, a maior fanpage de um veículo de comunicação em Goiás (com quase 435 mil seguidores) já tem diminuído a distribuição de conteúdo via Facebook e deve acompanhar a debandada, caso a rede social insista na nova estratégia. A empresa já vem investindo em novos canais de distribuição de notícias como newsletter, pushs, Google, Twitter, além de outras ferramentas para entregar um conteúdo sempre atualizado e relevante para os leitores.

Atualmente, o Curta Mais conta com mais de 1 milhão de leitores por mês e investe em produção de conteúdo autoral e criativo nas áreas de entretenimento, cultura, gastronomia, turismo, inovação e conta ainda com um clube de assinaturas de experiências com cerca de 40 mil assinantes.