Colégio centenário no interior do Tocantins era referência histórica da educação do norte de Goiás e do Brasil

A história do Colégio Sagrado Coração de Jesus em Porto Nacional-TO  é revolucionária e foi  muito importante para a educação do norte de Goiás, hoje Tocantins. A escola que sempre foi  reconhecida nacionalmente pela qualidade de sua educação  também foi de suma importância para a efervescência cultural do município que até hoje é reconhecido como berço cultural do Tocantins. 

A escola surgiu como fruto do processo de expansão das escolas da Congregação das Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils com apoio da Diocese de Goiás. Naquela ocasião, a Ordem Dominicana desbravou o sertão do norte goiano em propósito de catequização, expansão cultural e o ensinamento de valores na forma divina de praticar o bem.

A escola de Porto Nacional foi a  quarta fundação dessas missionárias no Brasil. A pedra fundamental do foi o Colégio Sagrado Coração de Jesus foi lançada no dia 15 de setembro de 1904, em Porto Nacional, à época pertencente ao estado de Goiás.  As irmãs Dominicanas do Santíssimo Rosário de Monteil, chegaram no município no dia 30 de agosto de 1904. 

Neste mesmo ano, foi criado o Colégio Sagrado Coração de Jesus. Sua instalação física se deu em uma casa do então intendente municipal, Cel Frederico Ferreira Lemos. Com a colaboração do poder público, das famílias portuenses, pertencentes à rede de relações sociais das dominicanas, fomentaram iniciativas para que, em 1906, elas se instalassem na sede própria do Colégio. 

Foram fundadoras do Colégio Sagrado Coração de Jesus quatro religiosas de origem francesa, Madre Maria Ignez, Irmã Maria Rafael, Irmã Maria André e a Irmã Maria Fernanda e que deram este nome ao colégio em razão da devoção, tipicamente francesa, ao Coração de Jesus.. A atuação das Irmãs Dominicanas em toda a extensão territorial da Diocese de Goiás com a fundação de colégios e o trabalho com as crianças e jovens, de princípio do sexo feminino,.

O Colégio Sagrado Coração de Jesus estava inserido no programa de romanização dos bispos brasileiros e no grande projeto educativo, cultural, civilizatório e evangelizador da Ordem Dominicana não só para Porto Nacional, mas para toda a região sertaneja do antigo norte de Goiás, pois para esta instituição escolar afluíram Famílias de todos os lugares do estado de Goiás e de outros estados vizinhos [que] queriam oferecer aos filhos uma boa educação. Apesar de começar a oferecer o externato para ambos os sexos, o foco principal da Congregação de Monteils e, consequentemente do Colégio Sagrado Coração de Jesus era a educação de meninas e moças.

Com o crescimento desenfreado da instituição, as freiras compraram da prefeitura de Porto Nacional uma área igual a 30 mil metros quadrados em 1948. O prefeito ajudou com a doação de outros 3 mil metros quadrados. Dom Alano Maria du Noday pastor, amigo e irmão das freiras, recebeu do Ministério da Agricultura cerca de 100.000 cruzeiros para obras da Diocese. O dinheiro também foi repassado para ajudar na construção do novo e atual prédio do Colégio.

Aquela primeira estrutura do Colégio estava localizada numa pequena casa da atual rua Aires Joca, no centro histórico de Porto Nacional. Em 2008, aquele espaço de composição ao centro histórico foi tombado pelo Iphan. O tombamento incluiu cerca de 250 edificações incluindo o Colégio Sagrado Coração de Jesus.

A influência do Colégio Sagrado Coração de Jesus na sociedade portuense foi incisiva e originou na cidade um clima europeu, de uma cultura mais refinada que agradou as famílias mais abastadas e chamou a atenção das mais pobres que, sacrificavam-se para colocar os filhos no colégio das religiosas. Muitas meninas, de origem mais humilde, puderam estudar no Colégio Sagrado Coração de Jesus em razão das bolsas e benefícios existentes por causa dos convênios com o poder público, pois por meio da Lei no 186, de agosto de 1908, foi facultado ao Estado subvencionar escolas primárias particulares.

Então, os colégios dirigidos pelas dominicanas, como o Sant’Ana, na Cidade de Goiás e o Sagrado Coração de Jesus, em Porto Nacional, passaram a receber, cada um, um mil e trezentos réis (1.300$000) anuais, naquele período.

Aos poucos, o Colégio Sagrado Coração de Jesus foi se evoluindo e se consolidando em Porto Nacional. O que contribuiu para esta consolidação foi a equiparação da instituição escolar à Escola Normal e a instalação da mesma a partir de 1920. 

Detalhes arquitetônicos

Além da importância histórica e social para a educação da cidade de Porto Nacional, no Tocantins, o Colégio Sagrado Coração de Jesus também chama a atenção pela sua estrutura física e arquitetura de época. 

A escola integra o Centro Histórico da cidade de Porto Nacional, que  foi tombado pelo Iphan, em 2008.  De acordo com o instituto, o Colégio Sagrado Coração de Jesus de Porto Nacional-TO é uma edificação ampla e aprazível, cuja arquitetura representa o trabalho das Irmãs Dominicanas na cidade. 

O colégio, como a maior parte das edificações do local,apresenta remanescentes da maior parte do acervo arquitetônico representativo do período da mineração do ouro – metade do século XVIII até meados do século XX no norte do Brasil.

Dentro da estrutura da escola tem uma capela e um teatro, além de um grande bosque, área de prática esportiva. Possui muitas características da arquitetura francesa trazida pelas irmãs dominicanas.

A área delimitada abrange cerca de 250 edificações, conjuntos de ruas, largos e praças, incluindo a Avenida Beira Lago e o entorno da Catedral Nossa Senhora das Mercês. 

Neste centro histórico, destacam-se as edificações construídas pelos freis dominicanos como a Catedral das Mercês, além de espaços públicos e residências. A área tombada abrange parte da zona central e compreende o sítio natural, a malha urbana e as arquiteturas implantadas desde a fundação do município até a década de 1960. 

Neste trecho localizam-se, além das edificações vernaculares, os edifícios mais singulares do centro histórico, como a Catedral, o Seminário, a Cúria e a Casa de Câmara e Cadeia. O local ainda apresenta remanescentes da maior parte do acervo arquitetônico representativo do período da mineração do ouro – metade do século XVIII até meados do século XX.

Visitação do Colégio Sagrado Coração de Jesus

O colégio Sagrado Coração de Jesus está em perfeito funcionamento. Sendo assim, é possível visitá-lo e conhecê-lo em horário comercial. 

Endereço: R. Joaquim Pereira, 656 – Centro, Porto Nacional – TO, 77500-000

Horas: Aberto ⋅ Fecha às 18:30

Telefone: (63) 3363-9350

Imagens retiradas do acervo da escola

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Pauta desenvolvida pela estagiária de jornalismo Julia Macedo com a supervisão da jornalista Fernanda Cappellesso.

 

MAC recebe maior exposição sobre artista já realizada em Goiânia

Em comemoração ao centenário do artista Frei Nazareno Confaloni (1917-1977), o Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC Goiás) abre em dezembro a maior mostra já realizada e a mais completa sobre um artista “goiano”. A exposição “ABC Confaloni – Modernidade inaugural e outras obras” está marcado para a próxima sexta-feira (8), às 18 horas, com a presença de autoridades, familiares do frei vindos da Itália e convidados. A exposição fica aberta ao público a partir do dia seguinte, sábado (9), às 9h30. A entrada é franca.

Giuseppe Confaloni nasceu em Grotte di Castro, Itália, em 1917. Chegou a Goiás em 1950 como parte da missão evangelizadora da Igreja Católica na América. Sua primeira tarefa foi pintar os afrescos da Igreja do Rosário, na antiga capital do Estado, a cidade de Goiás. Já em Goiânia, pintou também os afrescos da Igreja de São Judas, no Setor Coimbra, da Estação Ferroviária de Goiás e da antiga sede da Companhia Energética de Goiás (Celg), prédio hoje ocupado pela Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce). Fundou a Escola Goiana de Belas Artes – primeira escola de arte, precursora do movimento modernista e fomentadora da arte em Goiás. Entre os artistas influenciados por Confaloni estão nomes referenciais das artes visuais no Estado, como Amaury Menezes, Siron Franco e Ana Maria Pacheco.

“ABC Confaloni” traz cerca de 300 obras, entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, afrescos e objetos pessoais pertencentes a colecionadores locais, nacionais e familiares do artista. O conjunto engloba diversas técnicas, suportes e temas, entre eles retratos, paisagens, casarios, personagens populares e religiosidade. Há obras que nunca foram expostas, em especial as que vêm da Itália. E há ainda a reconstituição, em tamanho real, de seu último ateliê, conforme deixado quando de seu falecimento, em junho de 1977, aos 60 anos de idade – 27 deles vividos em Goiás

Os itens foram mapeados e reunidos pelo produtor cultural, biógrafo e pesquisador Px Silveira, idealizador da mostra. Silveira pesquisa a obra do frei desde a década de 1980 e é autor de Conhecer Confaloni (premiado pela PUC, em sua 3ª edição) e Tempo Confaloni (a ser lançado com a mostra).

Em parceria com a produção da mostra, o MAC Goiás preparou uma série de atividades para os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A agenda prevê lançamentos de livros, palestras e encontros para tratar da vida e da obra de Confaloni, personagem que deixou uma marca indelével na sociedade, na cultura e na arte goiana.

Serviço:

Exposição “ABC Confaloni – Modernidade inaugural e outras obras”
Período de visitação: 9 de dezembro de 2017 a 25 de fevereiro de 2018
Abertura para convidados: 8 de dezembro (sexta-feira), 18 horas, com autoridades e imprensa
Abertura ao público: 9 de dezembro (sábado), 9h30, com café da manhã
Onde: Museu de Arte Contemporânea de Goiás/Centro Cultural Oscar Niemeyer
Entrada franca
Mais informações: (62) 3201-4923