Cidade de Goiás: Procissão do Fogaréu pode virar Patrimônio Cultural do Brasil

As Procissões da Semana Santa da cidade de Goiás, entre elas a  Procissão do Fogaréu, estão em processo de registro como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A documentação encaminhada ao órgão em 2020, já teve a análise técnica preliminar da superintendência em Goiás. O pedido aguarda o posicionamento da Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial, grupo vinculado ao Conselho Consultivo que é  responsável pela decisão sobre os processos de reconhecimento dos bens de natureza imaterial. 

 

Na quarta-feira,  13 de abril, durante a Procissão do Fogaréu, que foi retomada presencialmente após dois anos de eventos virtuais, o escritório técnico do Iphan na Cidade  de Goiás fará a recepção de autoridade no local para o acompanhamento e avaliação da Procissão. Além disso, o órgão irá  reforçar as informações para os turistas sobre o evento e a importância dele para a cultura brasileira. 

 

A encenação da Procissão do Fogaréu de Goiás, conforme Dossiê Etnográfico do Inventário de Referências Culturais (INRC) realizado pelo Iphan, foi reintroduzida nas celebrações da Semana Santa em 1965, por iniciativa da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT). A cerimônia se alimenta de valores e de memórias que permeiam a realidade cultural dos vilaboense, pois rementem às vivências das diversas procissões que ocorrem nas celebrações da Semana Santa em Goiás.  

 

A Procissão encena a perseguição a Jesus por seus inimigos, antes de ser preso e crucificado, segundo a tradição católica. No formato atual, esses inimigos são representados por farricocos, homens descalços, vestidos com túnicas e encapuzados, portando tochas acesas. O trajeto começa na frente da Igreja da Boa Morte, passando pelas Igrejas do Rosário e de São Francisco de Paula, tendo seu ritmo ditado pela fanfarra que, com diferentes tipos de toques, impõe a marcha dos farricocos. A encenação ocorre sempre à meia noite da Quarta-Feira de Trevas e é um dos símbolos que representa a cidade para os seus visitantes. 

 

As atividades da Semana Santa envolvem a população em torno da crença e das tradições religiosas do calendário católico. O INRC elenca a Semana como uma das referências culturais mais significativas do município. “São eventos voltados ao catolicismo, mas com expressões religiosas, culturais africanas e indígenas, num processo de hibridismo religioso. São nesses valores católicos, afrodescendentes e indígenas, próprios das manifestações populares, que compõem a construção cultural da sociedade brasileira”, explica a historiadora do Iphan-GO, Renata Galvão.  

 

Atraindo milhares de turistas para a cidade, as celebrações religiosas com missas, vigílias, via sacras e outras procissões ocorrem desde o mês de março, com o início da Quaresma, Semanas dos Passos e das Dores. 

Reconhecimentos 

 

O município de Goiás, antiga capital do estado, possui o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico tombado pelo Iphan em 1978 e o reconhecimento como Patrimônio Mundial, pela Unesco, desde 2001. “Milhares de turistas e religiosos que vão à cidade todos os anos para acompanhar as procissões, além de valorizarem a cultura e a tradição realizada há anos, buscam um momento de fortalecimento da fé e união. Quando for aprovado o título para as Procissões da Semana Santa de Goiás, a cidade terá o primeiro reconhecimento de Patrimônio Imaterial do governo federal”, completa o superintendente. 

Pandemia cancela Procissão do Fogaréu da Cidade de Goiás mais uma vez

Pelo segundo ano seguido a tradicional Procissão do Fogaréu não vai acontecer em função das medidas restritivas para conter a disseminação do coronavírus.

O emocionante evento tem 276 anos e é uma das atrações da Semana Santa na cidade histórica, reunindo milhares de pessoas em torno da encenação da prisão de Jesus Cristo. Acontece sempre às 00h da Quinta-feira Santa.  

Pensando nesse público e na força dessa tradição, a prefeitura fez uma seleção dos melhores momentos do evento de 2013 e compilou em vídeos que podem ser acessados pelo Youtube, dentro da programação da Semana Santa Virtual 2021. 

No site da prefeitura, um comunicado explica a decisão e pede orações aos fieis. 
“A Covid-19 impôs adaptações para a data. E, este ano, a situação vai se repetir. A Prefeitura de Goiás , através da Secretaria de Cultura e Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Diocese de Goiás, Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, Coral Solo, Câmara de Vereadores e o cineasta Pedro Diniz, retransmitirá vídeos referentes as celebrações religiosas e culturais realizadas e captadas em 2013 na cidade, dentro da Programação Semana Santa Virtual 2021. Neste sentido, quando o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia, onde somente medidas de isolamento, além de vacinação, são fundamentais para atenuar o cenário, as orações serão fundamentais para acalentar tanto sofrimento vivido pelos brasileiros e brasileiras”

 

Veja no Youtube https://www.youtube.com/channel/UCcPPoePDfnLRU3IEbDPYkVg/featured

Programação virtual 
02/04 (Sexta-feira): 10h – Canto do Perdão Masculino;
18h – Canto do Perdão Feminino;
20h – Descendimento da Cruz e Procissão do Senhor Morto;

04/04 (Domingo): 19h – Procissão da Ressurreição.
Acompanhe a retransmissão nas redes sociais da Prefeitura de Goiás.
Facebook: prefeituradegoias
Instagram: @prefeituradegoias
Youtube: prefeituradegoias
Produção, Edição, Captação e Direção: Pedro Diniz. 

 

Sobre a procissão 

A Procissão do Fogareu encena a prisão de Jesus Cristo e tem início a 00h da quinta-feira santa. Com as luzes da cidade apagadas e ao som de tambores, à porta da Igreja da Boa Morte, na praça principal da cidade, cria-se todo um cenário sombrio. Tradicionalmente, 40 Farricocos vestidos em indumentária especial e segurando tochas, representam soldados romanos que seguem em direção à escadaria da Igreja de N. S. do Rosário, onde encontram a mesa da última ceia já dispersa.

A prisão de Cristo acontece na Igreja de São Francisco de Paula, que simboliza o Jardim das Oliveiras representado por um estandarte de linho pintado em duas faces, obra do artista plástico oitocentista Veiga Valle.

A indumentária utilizada pelos Farricocos tem cores variadas e um longo capuz cônico e pontiagudo, guardando fortes semelhanças com as vestimentas que ainda hoje são comuns nas celebrações da semana santa na Espanha. 

Leia mais: 10 curiosidades sobre a Procissão do Fogaréu  

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Fotos: Marcos Aleotti 

Michel Temer se torna réu em novo julgamento de lavagem de dinheiro

Mais uma vez, o ex-presidente Michel Temer vira réu em um julgamento. Agora, ele está respondendo pelo crime de lavagem de dinheiro para a reforma da casa de sua filha, Maristela Temer, em São Paulo. A acusação envolve, além do Temer e sua filha, o coronel João Baptista Lima Filho e sua mulher Maria Rita Frateza.

A denúncia foi feita pela força-tarefa da Operação Lava Jato, e a Justiça Federal aceitou o caso nesta quinta-feira (04/04). Para complementar, o juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal, afirmou que “A narrativa é clara o suficiente para permitir o exercício do direito de defesa e os fatos narrados configuram, em tese, infração penal. A denúncia é ainda lastreada em indícios mínimos de autoria e de materialidade da infração penal imputada aos acusados”.

O caso

De acordo com a Procuradoria da República, a reforma aconteceu de 2013 a 2014 e teria custado R$1,6 milão. Apasrentemente, o dinheiro para custear os gastos foi retirado por meio de desvios entre 2012 e 2016.

A Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público Federal de Brasília, que já tinham o ‘Quadrilhão do MDB’ como alvo, afirma que ele rrecadou propina da empreiteira Engevix para que ela assumisse as obras da usina nuclear de Angra 3, por meio da AF Consult Brasil.

A Procuradoria de São Paulo afirmou que eles teriam desviado cerca de R$11 milhões dos recursos públicos que deveriam ser usados nas obras da usina!

 

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Capa: Sérgio Lima / AFP

Luzes e Trevas: série fotográfica retrata a Procissão do Fogaréu

 A Procissão do Fogaréu é o tipo de evento que todo goiano tem obrigação de conhecer. Tradição na cidade desde 1745, o ritual simboliza a procura e a prisão de Cristo. Cerca de 40 homens encapuzados e com tochas, os farricocos, representam os soldados romanos. 

Em mais uma imersão na cultura de Goiás, Curta Mais enviou nosso fotógrafo Marcos Aleotti para acompanhar de perto uma das maiores festividades do estado. Confira:

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Os Farricocos

No final da Idade Média e início da Moderna, o farricoco possuía um caráter de penitência e estigmatização. Sua presença nas procissões estava relacionada à expiação pública de faltas cometidas e ser farricoco era ser portador de um estigma.

Na Idade Moderna (séculos 15 a 18), em algumas partes de Portugal e Espanha, o farricoco estava associado à penitência, a uma punição imposta àqueles que não seguissem as determinações da Igreja. Nas procissões que iam pelas estradas de pedras, à luz dos archotes, os cavaleiros das irmandades iam vestidos de roupas de seda, com espadas de prata e alamares, cheios de pompa e luxo na busca do Cristo, com o objetivo de aprisiona-lo. Junto deles iam os “desviantes”, vestidos com roupas de lá grosseira, como os pescadores, e com um capuz com chapéu em forma de cone, que devia ser usado pelos “condenados”, correndo descalços para acompanhar os cavalos. Era uma forma de os penitentes expiarem seus pecados sem ter que revelar publicamente sua identidade.

Com o passar do tempo, na Espanha, os farricocos passaram e ser responsáveis por manter a ordem, afastando as pessoas do caminho, ora anunciando a procissão com o uso de matracas, ora fustigando com um comprido relho os que impediam sua marcha.

A indumentária utilizada pelos farricocos no Brasil atual é composta de uma túnica comprida e um longo capuz pontiagudo em forma de cone. A forma cônica e altura dos capuzes evocaria uma aproximação do penitente ao céu. Guarda fortes semelhanças com as vestimentas comuns nas celebrações da semana santa na Espanha.

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A Procissão do Fogaréu

Ao som da fanfarra dá-se início à Procissão do Fogaréu, que começa em frente ao Museu de Arte Sacra, na Praça do Jardim, e desce em direção à escadaria da Igreja do Rosário, onde os farricocos encontram a mesa da última ceia já dispersa.

Durante a Procissão uma atmosfera de angústia e esperança envolve a multidão que assiste emocionada ao espetáculo, angústia por já saberem o que acontecerá com Jesus Cristo, sofrem juntos com Ele até a crucificação na Sexta-Feira da Paixão, porém também sentem esperança, pois sabem que no Domingo de Páscoa Ele ressuscitará, e sentem a mesma esperança quanto ao Seu indeterminado retorno. São muitos também os que sentem medo durante a realização do evento, quando assisti pela primeira vez, lembro-me de não ter tido medo da escuridão, mas sim receio das tochas e mais ainda dos farricocos, figuras que apavoram sem o menor esforço uma criança.

Uma das partes mais emocionantes é quando os farricocos sobem as escadarias da Igreja São Francisco de Paula que representa o Monte das Oliveiras, e o som do clarim rompe a escuridão da noite, reverbera e é sentidamente murmurado pelo rubro rio. Um farricoco de branco empunha um estandarte com a imagem de Cristo.

Depois da fala do Bispo de Goiás e terminada a prisão de Cristo, a Procissão retorna à Praça do Jardim, seu ponto inicial. Sob aplausos a Procissão do Fogaréu é encerrada.

Acendem-se os lampiões e a Cidade de Goiás acorda das trevas. A Procissão do Fogaréu tem suas origens nos países ibéricos, de onde fora trazida em 1745 pelo padre espanhol João Perestrello de Vasconcelos Spínola, segundo relatos de pessoas mais antigas, somente os homens podiam participar.

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7 dicas para quem vai acompanhar a Procissão do Fogaréu pela primeira vez

 A Procissão do Fogaréu é o tipo de evento que todo goiano tem obrigação de conhecer. Tradição na cidade desde 1745, o ritual simboliza a procura e a prisão de Cristo. Cerca de 40 homens encapuzados e com tochas, os farricocos, representam os soldados romanos.

 Embora para algumas pessoas participar da cerimônia seja uma tradição, para outras, esse ano será a primeira vez na procissão. Para salvar os visitantes de primeira viagem de gafes e transtornos, preparamos uma listinha que promete ajudar a aproveitar melhor o evento.

  1. Sapato confortável

 Pode parecer dicazinha clichê, mas é bem comum ver pessoas perdendo sapatos, arrebentando rasteirinhas, machucando o pé e até mesmo caindo durante a procissão. Então, evite sandálias abertas e leve um sapato confortável de preferência que proteja os pés.

  1. Tome cuidado no caminho

 Como falado no item anterior, é bem comum ver acidentes no caminho, muitas vezes isso acontece porque o terreno da Cidade é irregular e para acompanhar os farricocos é necessário que o visitante caminhe de forma mais rápida. Além disso, as luzes do município são apagadas o que dificulta um pouco enxergar o caminho. Logo, todo cuidado se faz necessário.

  1. Tome cuidado com objetos

A Cidade de Goiás recebe muitos visitantes nesse período por causa da Procissão. Durante o percurso, por causa da quantidade de pessoas, se por acaso um objeto como relógio, celulares caírem no chão pode ser que ele seja pisoteado.

  1. Fique alerta com as tochas

Muito comum nesses eventos, são turistas querendo tirar fotos dos farricocos, o problema é o fogo das tochas podem causar acidentes. Embora os farricocos possuem treinamento para não ficarem próximos as pessoas quando as tochas estão acesas, tome cuidado você também e ajude evitar acidentes .

  1. Leve a sua garrafinha

Pode ser que bata aquela sede quando você está acompanhando a procissão. Se você não quer perder nenhum minuto da cerimônia por causa da vontade de tomar água, leve uma garrafinha e problema resolvido.

  1. Coma antes da Procissão

Segundo a Ludmilla Borges Pires, de 33 anos, moradora da Cidade, é muito comum ver turistas passando um apuro no fim da cerimônia. Depois do evento muitos restaurantes fecham. Então não deixe para matar a fome no final da Procissão, coma antes.

  1. Crianças

A ‘caminhada’ começa a meia noite de quinta-feira, um horário puxado para crianças. Além disso, a meninada pode ficar assustada com as vestes e as tochas dos farricocos, o barulho dos tambores, lembrando também que a cidade fica no escuro durante a cerimônia. Para os papais que querem ensinar desde cedo a cultura local para os baixinhos, acontece na quarta-feira mas às 17h o Fogaréuzinho que é uma procissão para crianças. A cerimônia começa em frente ao Museu das Bandeiras com tochas simbólicas e sem fogo. O percurso é bem menor e a ‘caminhada’ é mais tranquila.

(Foto: reprodução Postal Brasil)