‘Não tenham medo, nós estaremos aqui’, afirma Haddad em discurso após derrota

Em seu primeiro discurso após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato derrotado à Presidência da República Fernando Haddad (PT) agradeceu seus antepassados, seus aliados e afirmou que “talvez o Brasil nunca tenha precisado mais do exercício da cidadania do que agora”, diz Haddad, pedindo que os eleitores “não tenham medo”. Haddad diz que uma parte significativa da população brasileira deve ser respeitada, citando os 45 milhões de votos que recebeu. “O que vimos foi a festa da democracia no Brasil”, diz Haddad, em relação ao que chamou de conscientização dos eleitores. “Instituições foram colocadas à prova a todo instante”, disse, citando o impeachment e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Temos uma tarefa enorme que é defender o pensamento, a liberdade desses 45 milhões de votos”, diz Haddad. “Nós não vamos deixar esse país para trás, respeitando a democracia.”

Haddad, que assumiu a candidatura presidencial do PT devido à impossibilidade de Lula, preso, disputar o pleito, viu a distância nas pesquisas diminuírem nos últimos dias antes do segundo turno, mas não conseguiu virar o placar contra Bolsonaro. Acompanhado da mulher, Ana Estela, da vice, Manuela D’Ávila, e de assessores, Fernando Haddad saiu por volta das 17h40 de sua casa, na zona sul de São Paulo, para acompanhar a apuração dos votos em um hotel na capital paulista. Perguntado por jornalistas se estava confiante, respondeu: “Sempre”. O presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) e a ex-presidente Dilma Rousseff, candidata derrotada ao Senado por Minas, também estavam ao lado do candidato derrotado.

Vídeo: Mano Brown é vaiado ao fazer críticas ao PT em pleno comício pró-Haddad

Quando o rapper e compositor Mano Brown foi chamado ao palco do comício do PT, que aconteceu nesta terça-feira (23), na Lapa, Rio de Janeiro, ele assumiu um apoio crítico ao partido. “Se em algum momento a comunicação do pessoal aqui falhou [do PT], vai pagar o preço porque a comunicação é a alma. Se não está conseguindo falar a língua do povo, vai perder mesmo”, disse ele.

O comício contava com a presença de Manuela D’Avila, candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad, Guilherme Boulos (PSOL) e artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, além do próprio Brown.

Somente o rapper assumiu uma posição mais crítica ao falar do partido — o que rendeu diversas vaias e até alguns aplausos (leia na íntegra no final da matéria). “O que mata a gente é a cegueira e o fanatismo”, falou Brown em resposta às vaias.

Logo depois Caetano Veloso pegou o microfone e saiu em defesa de Brown. “Eu acho que a fala do Mano Brown é muito importante porque traz a complexidade do nosso momento.” Também citou uma “imbecilização da sociedade” e disse que, como o rapper dissera anteriormente, “o momento não é de festa”.

“Acho que já está decidido”

“Não vim aqui para ganhar voto porque eu acho que já está decidido”, foi uma das frases de Mano Brown na noite de ontem. Ao som de vaias, Brown disse não ser “pessimista, mas realista”. “Não está tendo [sic] motivo para comemorar, tem quase 30 milhões de votos para alcançar aí, nem temos expectativa para alcançar, para diminuir essa margem”, afirmou. (Via Exame)

Assista:

Vídeo: Cid Gomes, irmão de Ciro, é vaiado em evento do PT ao pedir ‘mea culpa’

Em encontro do PT para lançamento da campanha pro Haddad no Ceará, na noite desta segunda-feira (15), o senador eleito Cid Gomes (PDT), primeiro a falar, cobrou mea culpa do PT. O ex governador então foi vaiado por militantes que lotaram o auditório do Marina Park em Fortaleza. Cid respondeu: “É por isso que vocês vão perder”.

O irmão de Ciro Gomes, terceiro colocado nas eleições presidenciais, argumentou que, se o Ceará quiser “dar um exemplo para o Brasil”, o PT deve fazer um mea culpa. “Eu conheco o Haddad, é uma boa pessoa, tenho zero problemas de votar no Haddad, é uma boa pessoa, mas fica algum companheiro do PT que me suceda aqui na fala, se quiser dar um exemplo para o País, tem que fazer um mea culpa, tem que pedir desculpas, tem que ter humildade de reconhecer que fizeram muita besteira”, declarou. 

Alguns apoiadores do PT reagiram às declarações com vaias, as quais Cid respondeu chamando um militante de “babaca”. “Babaca! Babaca! Isso é o PT, e o PT desse jeito merece perder, pra rimar, só pra rimar. Babaca, vai perder a eleição. É isso aí, é esse sentimento que vai perder a eleição”, retrucou.

Cid Gomes foi o primeiro a ser chamado para fazer pronunciamento no evento. Já no início da fala, o ex-governador disse que foi “tomado de surpresa” e colocado “numa situação constrangedora”, uma vez que esperava que um representante do PT abrisse as falas da noite. Ele afirmou que, no atual cenário, vê “duas alternativas” para partidos que se colocam contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). “Uma alternativa é a gente fazer de conta, futebol é isso mesmo, tem dois turnos, no segundo turno a gente  tem que escolher”, disse, comparando-se a um beija-flor que transporta água com o bico para apagar incêndios.

Assista:

Bolsonaro tem quase 60% dos votos em Goiás; confira os números da eleição presidencial no primeiro turno

Com 4.454.402 de eleitores, Goiás foi o terceiro estado brasileiro a concluir a apuração dos votos na noite deste domingo (7). Após definir a eleição em primeiro turno consagrando Ronaldo Caiado com 59,73% dos votos válidos, os goianos também mostraram preferência em resolver as eleições presidenciais já na primeira fase.

Jair Bolsonaro teve 57,24% dos votos revelando a preferência do eleitorado goiano pelo candidato do PSL.

O petista Fernando Haddad ficou em segundo lugar com 21,86%, seguido por Ciro Gomes que teve 8,60%.

O tucano Geraldo Alckmin recebeu 4,49% e nem em Goiás o conterrâneo Henrique Meirelles conseguiu empolgar ficando em quinto lugar com apenas 2,78%.

O segundo turno das eleições 2018 será no dia 28 de outubro.