Conheça um castelo espanhol histórico que fica em Goiás
A cidade de Urutaí, localizada a 170 quilômetros da capital goiana, reserva um tesouro arquitetônico que clama por restauração e preservação: o Castelinho de Urutaí. Um castelo espanhol histórico, construído por 2 irmãos, por volta de 1918.
Atualmente, situado dentro do campus do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) local, esse monumento histórico é um testemunho do auge da era ferroviária em Goiás.
História do Castelo Espanhol em Goiás
A história do Castelinho começou em 1918 com o Decreto no 13.197, de 25 de setembro de 1918 que instituiu a Fazenda Modelo de Criação de Urutaí.
Em 1920, foi dado início a construção da Fazenda Modelo de Criação em Urutai por meio de doação de terras dos coronéis Sebastião Louzada e o Major Zacharias Borges (área total: 4.841.300 m2).
O governador de Goiás era João Alves de Castro, José Leopoldo de Bulhões Jardim era o senador na Câmara Federal.
Em 1953, a Lei no 1923, de 28 de julho de 1953, transformou a Fazenda Modelo de Urutaí em Escola Agrícola (EAU), subordinada à Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário.
Através da transcrição de relatos presentes no material consultado, constata-se que a antiga Fazenda Modelo, e posterior Escola Agrícola, funcionava como internato e semi-internato em sua segunda fase, que é datada de 1953, sendo, portanto, também local de residência dos estudantes.
Dado que o início da construção da Fazenda Modelo se deu em 1920, conforme data de doação de terras, a construção da residência pode ter ocorrido entre 1918 e 1920, não sendo possível precisar a data exata a partir do material consultado.
O levantamento do Iphan conta ainda que o Castelinho foi construído para ser a moradia do Diretor da Instituição. Por isso, ela é a mais imponente do conjunto do qual ela faz parte, e apresenta maior porte e riqueza nos acabamentos.
Em 2000, ganhou nova vida como museu, exibindo momentos marcantes da história local. Contudo, seu estado de conservação levou à interdição em 2015, desencadeando esforços para seu tombamento e restauração.
Arquitetura do Castelo Espanhol situado em Goiás
O castelinho tem forma retangular, apresentando porão alto, do tipo habitável, ou seja, com altura suficiente para o acesso de pessoas, constituição típica de residências de fazenda.
A parte do porão é marcada por uma textura e relevos que “fingem” ser revestidos em pedra aparente. Na parte acima do porão, as paredes são lisas, possuindo falsas pilastras retangulares com capiteis dóricos e fustes canelados dispostas nos cantos e dividindo em partes mais ou menos equidistantes os planos laterais, sendo estes intervalos entremeados pelas aberturas.
O acesso se dá por meio de dois pontos: pelas duas escadarias frontais em pedra espelhadas em leque que conduzem a uma área avarandada recoberta de ladrilho hidráulico vermelho e pela área de alpendre na lateral esquerda, elevada por pilares simples e com soalho em madeira.
O alpendre lateral é recoberto por cobertura em telha cerâmica mais baixa que a do volume principal da edificação. Devido a sua disposição no corpo do edifício e acabamentos, há a possibilidade de que a introdução do alpendre lateral seja posterior.
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O telhado é composto de dois corpos principais: o frontal mais alto, contornado por cimalha na parte superior dos planos verticais, que possui cumeeira principal paralela à via e é composto de dois volumes sobressalentes que ladeiam o terraço de acesso por escada que é reentrante e o volume posterior, com cumeeira perpendicular à via frontal, com 3 águas e beiral simples.
A cobertura é atualmente em telha romana, mas devido ao período em que o edifício foi construído, as telhas deviam ser originalmente do tipo francesa, que eram comuns no ecletismo ou até coloniais, que são as capa e canal, tradicionalmente usual nas cidades brasileiras.
A fachada frontal e fachadas laterais externas do volume onde se situa a escada em leque são ricamente ornamentadas, sendo que a quantidade de ornamentação é menor no volume posterior.
Esta é uma condição comum em edifícios no início do século, onde a fachada principal apresenta maior apuro que as demais por ser a mais visível. Devido a esta diferença entre os dois volumes, também pode ser investigada a possibilidade de terem sido construídos em duas etapas.
Esforços de Tombamento
Em 2015, a Superintendência do IPHAN/GO buscou iniciar o processo de tombamento do Castelinho, reconhecendo seu valor histórico e cultural.
O relatório do IPHAN destacou a arquitetura eclética e os detalhes em pedra, testemunhas de uma época passada. No entanto, o processo está paralisado, devido à escassez de recursos que prioriza a manutenção de bens já tombados.
Apesar do valor inquestionável do Castelinho, o IF Goiano, como proprietário, seria responsável pela manutenção, mesmo após o tombamento.
Paulo Cunha, diretor do IF Goiano de Urutaí, continua sua luta pela restauração, buscando recursos em editais e ressaltando a importância do prédio na história do instituto e da cidade.
Urutaí
Urutaí não é apenas o lar do Castelinho, mas também uma cidade com uma vibrante história ferroviária.
Originada da expansão dos trilhos, a cidade cresceu graças ao trabalho dedicado de famílias envolvidas na operação ferroviária.
O nome peculiar, “Urutaí”, remete a uma lenda do período nacionalista do Estado Novo Getulista, acrescentando um toque de mistério à cidade.
Cultura e Economia
Além de suas relíquias históricas, Urutaí destaca-se por figuras proeminentes, como o escritor João Felício de Oliveira Filho e o apresentador de TV Hamilton Carneiro.
A cidade, a 170 quilômetros de Goiânia, também é conhecida por sua produção agrícola diversificada, sendo um polo de cana-de-açúcar, milho, arroz, sorgo, mandioca e soja, além de uma forte presença na pecuária, pilar econômico fundamental da região.
O Castelinho de Urutaí, embora atualmente em ruínas, é mais do que uma construção antiga; é uma testemunha de uma época passada e uma peça essencial no mosaico da rica história de Goiás. Que os esforços para restaurá-lo continuem a prosperar, preservando não apenas um prédio, mas uma parte viva do patrimônio goiano.