Mulheres de Goiás: conheça a história da primeira vereadora que exerceu mandato em Goiânia

Você já ouviu falar do município Peixe Canguçu? A pequena vila localizada ao norte do antigo território do estado de Goiás é cidade natal de Ana Braga de Queiroz, a primeira vereadora do Estado. Atualmente o município carrega apenas o nome Peixe e está localizado no estado do Tocantins. Na época de seu nascimento, em 29 de novembro de 1923, a cidade pertencia ao conjunto de Villa Boa de Goyaz.

A goiana aprendeu a ler com seu avô, um fazendeiro. Apesar das simplicidades limitantes do campo, o homem estava sempre informado sobre as atualidades da época. Seu processo de alfabetização teve continuidade na antiga cidadezinha de Descoberto da Nossa Senhora da Piedade, atual Porangatu, onde seu pai trabalhava como carpinteiro. Sua professora, Adilina, é lembrada por Ana Braga como ótima professora que cuidava de suas alunas.

Ana Braga de Queiroz se formou na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Goiás e em Direito pela Universidade Federal.

Além de professora, advogada e jornalista, Ana Braga também foi procuradora de justiça, vereadora, secretária de Estado, secretária de Ação Social, primeira-dama, deputada estadual e fundadora das academias Femininas de Letras de Goiás e do Tocantins. Ainda jovem, Ana Braga expediu um pedido oficial a Pedro Ludovico para trabalhar como professora. Com 17 anos de idade foi nomeada professora na cidade de Paraúna pelo Interventor Federal.

Atuando em Paraúna participou de um concurso proposto pelo diretor regional da Secretaria de Educação. Ao ser premiada, pôde escolher a próxima escola onde iria trabalhar. Ana Braga chega então a Goiânia para lecionar no Grupo Escolar Padrão. Pouco tempo depois, Pedro Ludovico a transferiu para o Colégio Lyceu de Goiânia onde trabalhou por cerca de 22 anos. Ana Braga formou ali grandes personalidades da História de Goiás tal qual como Irapuan Costa Júnior, Iris Rezende e Castro Filho.

Na década de 40 quando o meio político ainda funcionava em função dos homens, adentrou neste meio provando seus valores como mulher. Aos 24 anos a jovem foi eleita a primeira vereadora de Goiânia em união com Julieta Fleury. Indo contra o governo autoritário de Getúlio Vargas, lutava pela redemocratização do Brasil. Amada e aplaudida pelo público, Ana Braga não precisou gastar nada para promover sua campanha. Para os eleitores, Ana Braga já estava eleita antes mesmo de ir às urnas.

Sua carreira como revolucionária dentro da política continuou com sua integração a Comissão de Interiorização da Capital Federal. Como estudante de Direito participou do Movimento Mudancista defendendo a necessidade de transferência do executivo nacional para o planalto em Goiás. Ana Braga defendia que seria mais fácil expandir a educação por todo o território nacional desde que esta fosse interiorizada.

Mais tarde, Ana Braga de Queiroz chegava como deputada estadual a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), além de atuar como secretária de Estado e de Ação Social. Para muitos da época, as mulheres não tinham espaço de fala, mas Ana trabalhou com coragem, falando o que fosse necessário para quem quer que precisasse ouvir. Sua bravura foi respeitada por todos.

Para a Secom-UFG, declarou que antes dela ninguém falou sobre a valorização social da mulher. Ana entende que a luta pelo espaço da mulher na sociedade ainda é longa, mesmo que as mulheres já tenham conquistado importante espaço na política, educação e cultural. Como exemplo de uma luta que está longe do fim, cita a exemplo da Lei Maria da Penha que pune o agressor de mulheres, mas não impede que os crimes continuem acontecendo.

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Mulheres de Goiás: Almerinda Arantes a mulher que fez a diferença na Alego

Almerinda Arantes é natural de Posse, Goiás. Nascida em 3 de janeiro de 1906, foi educadora, política conselheira e combatente. Sua trajetória no estado de Goiás é marcada por lutas pelos direitos das mulheres. O nome de Almerinda Arantes desenhou as primeiras páginas da história política moderna de Goiás como a segunda deputada eleita. 

A senhora Almerinda nasceu de uma família tradicional de goianos. Desde muito nova, a jovem mulher mostrava seu interesse inusitado pelo mundo da literatura, até mesmo com os jornais. Ela se preocupava em estar conectada aos temas e decisões mais recentes do cotidiano político. No auge de seus 19 anos, enquanto tantos adolescentes frequentavam festas e curtiam a juventude, Almerinda ocupava-se com os ideais políticos.

Quando formada, iniciou seu trabalho como professora em Formosa a 235km de Posse. Pouco depois, é transferida para uma escola em Planaltina onde Joaquim Câmara Filho exercia a função de diretor. Em sua luta contra a ideologia da masculinidade como superioridade a todas as coisas, Almerinda fundou escola na Fazenda do Torto no Distrito Federal. Foi a única mulher goiana da época a se unir ao movimento liderado por Bertha Lutz, conquistando seu espaço junto às fileiras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Seu próximo passo foi seguir a função de diretora de escolas públicas em cidades como Buriti Alegre, Ipameri, Jataí, Posse, Trindade, Vianópolis e Uruaçu. Envolta pelo amor ao seu trabalho, ela foi professora em quase todo o território goiano. Tendo em vista seu trabalho de dedicação ao magistério, Pedro Ludovico a convidou para assumir o cargo de Diretora do Ensino Primário na gestão do Cônego Trindade, na Secretaria da Educação Estadual. Almerinda exerceu o papel de fundadora e presidente da Associação das Professoras Primárias de Goiás (APPGO).

A professora seria uma das primeiras mulheres em Goiás a obter o Título Eleitoral em uma época que as mulheres sofriam tanto com a desigualdade. No ano de 1954, foi eleita Deputada Estadual para seu primeiro mandato. Em 1959 foi reeleita para mais dois mandatos seguidos. Teve atuação simbólica na Assembléia Legislativa de Goiás com sua comunicação inigualável que exibia a coragem em ir contra as imposições de um Governo, muitas vezes autoritários, para defender suas idéias e convicções políticas. 

Como mebro atuante e fundador da Academia Feminina de Letras de Goiás, Almerinda tomou posse em 9 de novembro de 1970. A professora e ex-deputada atuou na área literária tendo sua apresentação como Acadêmica publicada no Anuário 1970. Descrita como uma pessoa alegre e participativa, Almerinda vivenciava e exercia suas funções sempre que requisitada pela Presidência. Nas décas de 1970 e 1980, publicou ainda muitos trabalhos em vários Anuários e em periódicos do interior de Goiás. 

Ao completar 80 anos, foi diplomada como Sócia Emérita da AFLAG. Em 1986 recebeu o título de Cidadã Goianiense pelo Poder Lesgislativo de Goiás. Atuou como membro da União Brasileira de Escritores na Seção de Goiás. Com a morte de seu filo, passou a dedicar-se a criação dos dois netos. Finalizava, assim, sua atuação na política. Deixava ali o legado de Deputada mais atuante com vários projetos de sua autoria aprovados, muitos destes em benefício de professores estaduais e mulheres.

No dia 1° de julho de 1996, Goiânia dizia adeus ao símbolo de perseverança, luta e trabalho político. Almerinda Arantes dizia adeus a uma vida de muitas atuações importantes, da criação de dez filhos e da crença em caridade com base em seu próprio lema “Viver e lutar”. Hoje seu nome ecoa pela Câmara dos Deputados como exmplo a ser seguido.

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