Monumento ao bandeirante: conheça a história e o significado da histórica e polêmica estátua de Goiânia

Bartolomeu Bueno da Silva – o Diabo Velho, ou Anhanguera como é popularmente conhecido, recebeu tal apelido do povo Tupi. O pseudônimo faz referência a quando o bandeirante ateou fogo em água ardente na tentativa de assustar indígenas para que revelassem onde estavam localizadas as minas de ouro.  

No ano de 1722 Bartolomeu Bueno da Silva liderou a expedição de Bandeirantes em direção ao estado de Goiás com permissão da Coroa. A caravana foi inicialmente composta por 152 homens, dentre os quais encontravam-se padres e indígenas. O percurso não foi fácil. Sem direção certa alguns bandeirantes começaram a perecer por desidratação. Outros desistiam do percurso na tentativa de voltar para São Paulo. Quando a expedição finalmente chegou ao Rio Tocantins, a caravana contava com apenas setenta homens. 

Foi só em 1725, próximo a atual cidade de Goiás, que os bandeirantes encontraram ouro. No ano seguinte (1726) Anhanguera estabeleceu-se nas terras das minas e ganhou o posto de capitão-mor da mineração recém-descoberta. Bartolomeu Bueno da Silva permaneceu como superintendente das ‘minas dos Goiases’ até 1734, quando entrou em conflito com comandantes paulistas. 

Anhanguera fora acusado de sonegação de impostos à Coroa, sendo processado e perdendo seu direito de explorador. Permaneceu então no arraial de Sant’Anna, atual cidade de Goiás, em uma tentativa de apaziguar as disputas pelo controle das minas. 

 

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O Bandeirante faleceu em Goiás no ano de 1740. Falida, sua família se mudou para o longo do rio Corumbá. Seu filho primogênito decide reclamar à Portugal as injustiças perante a história de seu pai. No ano de 1746, a família obtém a restituição das passagens dos rios Jaguari, Atibaia, Grande, das Velhas e Corumbá.

Anhanguera foi elevado ao status de herói recebendo homenagens póstumas em grandes quantidades. A principal via da capital, Avenida Anhanguera, foi assim nomeada em sua homenagem. 

 

Estátua de Bartolomeu Bueno da Silva – Goiânia

Em 9 de novembro de 1942 foi inaugurado o Monumento ao Bandeirante, uma homenagem de São Paulo. A estátua surgiu como fruto do Estado Novo da Era de Getúlio Vargas, da caminhada do progresso para o Oeste, de uma nova política hegemônica. A escultura em bronze com três metros e meio de altura busca retratar o bandeirante que deu nome à Praça do Bandeirante, como é popularmente conhecida a Praça Attilio Correia Lima. 

A histórica Praça foi palco de vários movimentos estudantis como o comício pelas Diretas Já no ano de 1984 que reuniu cerca de 300 mil pessoas. Em 1992 aconteceu o comício caras-pintadas com inúmeros jovens em luto contra a corrupção. Ao longo dos anos, o aumento no fluxo de carros na avenida Anhanguera fez com que a histórica praça fosse reduzida significativamente. 

 

Estátua com os dias contados

Durante a pandemia de 2020 espalhou-se pelo mundo uma onda de protestos em apoio ao movimento ‘Black Lives Matter’. Em Bristol, Inglaterra, a estátua do traficante de escravos Edward Colston foi arrancada da base e lançada ao rio. Em Los Angeles, nos Estados Unidos, a própria prefeitura mandou retirar o monumento de Cristóvão Colombo. 

Segundo o professor e historiador José Luciano, a estátua de Anhanguera representa “como o modelo racista e excludente de nossa sociedade triunfou”. A fama de Anhanguera, Diabo Velho, é parte da história envolta pela crueldade com que tratava os nativos em atos de racismo e massacres indígenas. 

Em 2021 tramitou na Câmara Federal Projeto de Lei PL 5296/20 que “proíbe em todo território nacional o uso de monumentos para homenagear personagens da história ligados à escravidão”.

 

Foto: Letícia Coqueiro

Conheça as histórias de monumentos goianos que você vê todo dia e nem percebe

Os monumentos de uma cidade têm a função de contar um pouco de sua história, homenagear pessoas e embelezar as ruas. Mas nem sempre os moradores da cidade entendem o que significa cada um deles. 

Em Goiânia, muitas estátuas, painéis e símbolos estão sob nossos olhos e hoje, listamos alguns e explicamos um pouco da sua história. Dá uma olhada.

Monumento das Três Raças

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Imagem: Curta Mais

Localizado na Praça Cívica, o monumento homenageia as três raças: negros, índios e brancos, responsáveis pela criação da cidade e das características genéticas e culturais do povo goiano.

Vale a pena citar que o Monumento das Três Raças é considerado símbolo goiano e é exibido como cenário nas fotografias turísticas.

Painéis da Via Sacra

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Imagem: Estradas e Caminho/Reprodução

A coleção de 14 obras chamada Via Sacra de autoria do artista plástico goiano Omar Souto está instalada ao longo da Rodovia dos Romeiros, na GO – 060. São estações que lembram a crucificação e morte de Jesus e foram construídas em 1988 e restauradas em 2010.  

Medem 10 metros de largura por 4 de altura, são dispostas em pares e a arte tem mosaico de cerâmica em alto relevo. Uma bela amostra de arte sacra em Goiás, aberta ao público a qualquer época do ano.  Uma curiosidade sobre eles é que a imagem da jovem que morreu em 1987 por causa do acidente com o césio 137 aparece em todos os painéis.

Monumento dos Três Marcos e “Espeto da T-63”

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Imagens: Curta Mais

Localizado na Avenida 85, possui 46 metros de altura e três pontas indicando as regiões com maior crescimento urbano da capital e servindo como referência ao direcionamento leste, oeste e sul, de acordo com o arquiteto do monumento.

Mais acima, no cruzamento com a T-63, tem como inspiração um ponteiro de bússola. Composto por dois prismas que se tocam nas extremidades, o monumento funciona como um grande eixo de orientação que indica a direção norte, tornando-se um marco para Goiânia e servindo como instrumento para nortear visitantes e moradores da capital.

Tanto o Monumento da Praça do Ratinho quanto o da Praça do Chafariz marcam contrapontos da Avenida 85 nos seus eixos de início (a Praça do Chafariz), meio (a Praça do Ratinho) e fim (a Praça Cívica).

Monumento à Paz

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Imagem: Turismo Pelo Brasil/Reprodução

O Monumento à Paz está situado no interior do Bosque dos Buritis. Ele pesa 50 toneladas e seu centro contém terras originárias de 50 países com o intuito de transmitir a união e a paz no mundo.

Austrália, Israel, Holanda, Ghana, Portugal, Suécia, Uruguai e a Rússia foram os primeiros países a enviar amostras de seus solos. A ampulheta traz consigo os seguintes dizeres:
“A Terra é um só país, e os seres humanos seus cidadãos”.

Monumento aos Mortos e Desaparecidos na Luta Contra a Ditadura Militar

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Imagem: Portal Goiânia/Reprodução

Localizado na Avenida Assis Chateaubriand, no Setor Oeste, o monumento, inaugurado em 2004, fica em frente ao Bosque dos Buritis. Possui a forma esférica lembrando o Planeta Terra.

Junto ao Monumento é possível encontrar uma placa com o nome dos 15 goianos desaparecidos durante a ditadura com os dizeres: “Porque defendiam a justiça e a liberdade”.
Cada gomo da esfera representa uma vítima do regime militar, homenageando goianos mortos e desaparecidos políticos dos anos de 1968 e 1969.

Monumento ao Bandeirante

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Imagem: Argosfoto/Reprodução

O Bandeirante está localizado na Avenida Anhanguera e foi um presente da Universidade de São Paulo como um símbolo que representa as maiores colaborações do bandeirante para Goiás.

O monumento representa Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, que veio ao estado pela primeira vez com seu pai em 1682.

Monumento a Pedro Ludovico Teixeira

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Imagem: Célia Cerqueira/Reprodução

Monumento a Pedro Ludovico Estivalet Teixeira – O busto homenageia Pedro Ludovico Estivalet Teixeira, neto do fundador de Goiânia que foi vice-prefeito da cidade. Na praça em frente ao Bosque dos Buritis, conhecida como praça do relógio de flores.  

Estátua de Pedro Ludovico

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Imagem: Representação de Goiás no Distrito Federal/Reprodução

A estátua do homem sobre o seu cavalo que se encontra no interior da Praça Cívica é a imagem de Pedro Ludovico Teixeira, fundador de Goiânia. A obra é da artista Neusa Moraes. 

Sabemos que existem várias outras estátuas e monumentos espalhados por Goiânia. Na sua opinião qual história está faltando aqui? 

 

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Monumentos do Bandeirante e Santos Dumont são alvos de vandalismo em Goiânia

Mais dois monumentos goianienses foram alvos de vandalismo nos últimos dias. A escultura de Santos Dumont, que fica na Praça do Avião, Setor Aeroporto e teve o pedestal arrancado e placas de mármores furtadas, começou a ser recuperada esta semana. A base, que será de concreto, terá a altura aumentada em um metro. O objetivo é evitar que o ícone de bronze que passará por uma limpeza e restauração sofra, no futuro, algum dano. As equipes farão também a recuperação dos brinquedos, bancos e da estação de ginástica existentes na praça.
Já o famoso Bandeirante, no cruzamento das avenidas Goiás e Anhanguera, no Centro, teve sua base manchada por tinta vermelha. Os vândalos, ainda não identificados, tentaram atingir o monumento mas não conseguiram. Servidores da Comurg estiveram no local para recuperar um dos mais conhecidos ícones da capital. 
Ataques como estes custam aos cofres públicos municipais cerca de R$ 100 mil por mês.
No início do ano, dois dos cinco dedos da escultura ‘Os Dedos De Deus’, instalada na Praça Universitária, foram furtados. As peças, que são feitas de bronze e pesam mais de 150 kg cada uma, foram encontradas. Parte estava no local e outra, em um bueiro perto da ponte da Avenida Universitária, que passa sobre a Marginal Botafogo, no Setor Universitário.
Monumentos
A base da famosa réplica do 14 Bis na Praça do Avião passou por reparos esta semana. Fotos: Diretoria Operacional da Comurg.