Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil! O Vice-Presidente Geraldo Alckmin (PSB) sancionou a lei de n°14.559 que eleva o ídolo automobilista, Ayrton Senna, à condição de patrono do esporte brasileiro. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em edição ordinária nesta quarta-feira (26).
A lei havia sido protocolada pelo deputado federal Filipe Barros (PL-PR) em 2019, e aprovada pelo Senado em março deste ano.
Patrono do Esporte
O patrono ocupa posição de madrinha ou, como no caso, padrinho de determinado cargo. Uma personalidade que se destaca por seus feitos. Sendo uma pessoa de notório desempenho em sua função, reconhecida pela competência e padrão de referência em uma área específica de conhecimento.
Ayrton Senna – O herói brasileiro
Ayrton Senna da Silva nasceu na cidade de São Paulo, em 21 de março de 1960. Como verdadeiro apaixonado por automobilismo, fez sua estreia no kart em 1973. Em 1981, o brasileiro começou a competir em “categorias de Fórmula”, onde venceu as Fórmulas Ford 1600 e 2000.
Era 24 de março de 1984, o governo militar estava em pleno processo de desmantelamento. E essa era a notícia que estampava todos os jornais do Brasil. Mas naqueles jornais havia ainda outra importante notícia, que mudaria a história do esporte no Brasil: o Grande Prêmio de Fórmula 1 no Rio de Janeiro, no famoso Autódromo de Jacarepaguá.
Na oitava fila do grid de largada, no carro da Scuderia Toleman, Ayrton Senna fazia sua estreia na Fórmula 1. As luzes apagaram, foi dada à largada e, apenas na primeira volta, o brasileiro conquistou três posições. Durante a corrida, alcançou o nono lugar. Na oitava volta, o motor da Toleman quebrou e Ayrton foi obrigado a abandonar a corrida.
O próximo Grande Prêmio da temporada seria disputado na África do Sul. Senna largaria de 13° para finalizar a prova na 6° posição, conquistando seu primeiro ponto na categoria. A corrida não foi tão fácil quanto parece. Não era fácil pilotar aquele carro, a força e maestria exigidas levaram o piloto direto ao centro médico. “Antes da metade da corrida o carro estava impossível. Não tinha mais o que fazer e foi assim mesmo. Um peso que eu nunca senti na minha vida”, detalhou Senna.
Mas o que gerou polêmica naquela corrida não foi o estado de Senna ao fim da prova, mas sim sua resposta ao chefe de equipe ao ser parabenizado pela brilhante corrida. “Eu estou pronto para o pódio, então arruma um carro pra isso”.
No mês de junho, o novato brasileiro impressionou a todos os telespectadores. No Grande Prêmio de Mônaco, um dos mais difíceis da Fórmula 1, Ayrton Senna fez ultrapassagens espetaculares debaixo da forte chuva que inundava o circuito monegasco. O piloto largou de 13°, ultrapassou Nick Lauda em uma das curvas mais perigosas do Circuito, garantindo seu 2° lugar. Pouco mais à frente, conseguiu ultrapassar o líder da prova, o francês Alain Prost. Mas a prova seria encerrada naquela mesma volta, devido a densidade da chuva. Segundo o regulamento da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) a volta válida para o pódio seria a anterior.
Ayrton terminou o GP de Mônaco de 1984 na segunda posição como a nova estrela da Fórmula 1. Ali nasceu uma das maiores rivalidades dentro do esporte: Senna x Prost. Naquela temporada, o brasileiro terminaria o campeonato mundial em nono lugar, mesmo sofrendo com o trabalho da equipe Toleman.
Em 1985, Ayrton Senna se tornou piloto da Lotus. Em Portugal, o brasileiro conquistou o Grand Chelem, ou a corrida perfeita. Com Pole Position, liderando a prova de ponta a ponta, e finalizando com a volta mais rápida, deixou todos surpresos por sua forma de guiar o carro na chuva. Ninguém conseguia parar Ayrton Senna. Sua pilotagem perfeita lhe renderia o quarto lugar no campeonato mundial.
Senna conquistou pela primeira vez o pódio no Brasil, no ano de 1986. Dividindo o pódio com outro piloto brasileiro, terminou a prova em segundo lugar. Enquanto a Seleção Brasileira era eliminada da Copa do Mundo, Ayrton Senna erguia a bandeira brasileira no pódio de Detroit, erguendo o orgulho de um país que chorava a dor de tantas derrotas. Senna se consagrava para muitos como um verdadeiro herói. Mesmo quem não gostava de Fórmula 1 começou a acompanhar o esporte para o ver dar um verdadeiro show.
Campeão Mundial
O ano era 1988, a McLaren dominava o mundo do automobilismo. Além de contar com carros impecáveis, dentro da Fórmula 1 a equipe assinou contrato com os dois maiores pilotos da categoria: o brasileiro, Ayrton Senna, e seu rival, o francês Alain Prost.
Dentro das 16 corridas daquela temporada, a McLaren venceu 15. O campeonato foi decidido entre os dois pilotos, o que alimentou a rivalidade entre eles. Senna se consagrou campeão mundial em uma das provas mais emocionantes de sua carreira. Ainda na largada, a McLaren se engasgou. Ele caiu para a 16° posição e precisou lutar, com todas as suas forças, para conquistar 8 destas posições ainda na primeira volta. Na 28° volta ele já estava em segundo, estampando o retrovisor de seu companheiro de equipe.
Aquela incrível prova de recuperação renderia à Ayrton não apenas o troféu do Grande Prêmio do Japão, mas ainda o troféu de Campeão Mundial de Fórmula 1 na temporada de 1988. “Ayrton Senna ergue o punho, vibra, é a vitória. Ayrton Senna do Brasil! É o campeão mundial de 1988. Uma corrida fantástica. Um título impressionante porque ele veio de 16° colocado”, narrou Galvão Bueno.
Para Ayrton não bastava ser bom, ou o melhor. Ele precisava e queria ser perfeito. Além da briga direta com os outros competidores, dentro das pistas Senna lutava contra ele mesmo. Assim nasceu os valores do Senna: determinação, superação, perfeição, motivação, dedicação e garra. Foi seguindo esses princípios que ele se tornou um dos maiores nomes do automobilismo internacional.
Senna foi campeão mundial em 1990 e 1991. O tricampeonato, em 91, rendeu a ele sua primeira grande vitória em Interlagos. Com problemas no câmbio, perdeu marchas de sua McLaren e precisou fazer um grande esforço físico para guiar o carro. A chuva que caía naquela tarde dificultou ainda mais o seu desempenho. No pódio, Senna estava fisicamente destruído, não tinha forças para erguer o troféu de primeiro lugar no Grande Prêmio do Brasil.
A política brasileira ainda enfrentava o declínio econômico pós-ditadura. Para muitos, o piloto brasileiro não tinha do que se orgulhar. Mas, em todas as suas vitórias, em cada prova da qual participava, por cada um dos países que passava, Senna erguia a bandeira brasileira com orgulho.
O trágico acidente que resultou em sua morte, no dia 1° de maio de 1994, parou o Brasil. O velório de Ayrton Senna aconteceu no dia 5 de maio de 1994, com duração de 22 horas. Para o cortejo foi reunida uma multidão de cerca de 240 mil pessoas, além da transmissão ao vivo na televisão. O caixão de Senna foi carregado por pilotos como Emerson Fittipaldi, Christian Fittipaldi, Gerhard Berger, Alain Prost, Rubens Barrichello, Jackie Stewart e Damon Hill.
Ayrton Senna foi, é e para sempre será visto como ídolo para milhões de brasileiros, e pessoas apaixonadas pelo automobilismo ao redor do mundo. Para Lewis Hamilton, piloto britânico pela Mercedes AMG Petronas F1 Team, Senna é sua maior inspiração.
Imagens: Acervo da F1
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