Restaurante Coco Bambu pode fechar as portas em Goiânia

A empresa que planejava abrir novas lojas em Goiás, agora pensa em deixar o estado após revogação de benefícios fiscais

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
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Um dos restaurantes mais bem sucedidos da gastronomia goianiense pode estar com os dias contados na capital. A direção do grupo avalia deixar o estado após a alteração na concessão dos benefícios fiscais anunciada pelo Governo de Goiás que entrou em vigor dia 1º de novembro, com o decreto 9.075/17. A medida também preocupa diversos setores produtivos, em especial, bares e restaurantes. Com a mudança, a alíquota de ICMS, antes de 7%, agora passa a ser de 17% sob itens como refeição, por exemplo.
 
Considerado a principal referência em frutos do mar no país, o Coco Bambu está presente em 15 estados brasileiros e Estados Unidos, gerando cerca de seis mil empregos diretos. A empresa afirma que hoje Goiás apresenta a maior carga tributária entre os seus 29 restaurantes. Comparado à unidade de Brasília (DF), onde o poder de compra dos clientes é mais alto e o ICMS é de 2%. O restaurante localizado no polo gastronômico do Flamboyant Shopping Center, paga atualmente sete vezes mais, para citar apenas uma categoria de imposto, destacam Erico Barreira, Bruno Vasconcelos e Cézar Chehab, sócios-operadores do restaurante.

A unidade em Goiânia tem capacidade para 600 lugares simultâneos e atende mensalmente quase 20.000 clientes.
 
A classe empresarial também alega que o governo não estabeleceu qualquer diálogo com o segmento e não houve tempo para que as empresas buscassem alternativas de compensação para o aumento. O decreto foi divulgado no DOE no dia 26 de outubro de 2017 e passou a vigorar já no dia 1º de novembro de 2017. “A impressão é que o Governo, no desespero de fazer caixa para honrar seus compromissos e terminar o seu ano fiscal dentro do planejado, decide de forma arbitrária por este decreto, ignorando as consequências devastadoras às empresas que geram emprego e impostos à sociedade, que vê seu poder de consumo reduzir a cada instante”, explicam os empresários.
 
A alteração anunciada pelo Governo de Goiás também poderá acarretar em aumento para o consumidor, uma vez que influi diretamente em itens da Cesta Básica.
 
“No nosso caso, repassar os custos para o cliente poderia ser uma alternativa. Porém, não resolve o problema. O fato é que continuaríamos arcando com a maior carga tributária dentre todos os Estados e trabalhando com aumentos em toda a nossa cadeia de fornecedores locais. Em curto prazo, os preços praticados em Goiás poderiam se tornar discrepantes em relação a outros restaurantes do Coco Bambu”, explica Cézar Chehab, um dos sócios-operadores do restaurante.
 
Somado aos inúmeros incentivos oferecidos em outros estados, outro fato que leva a empresa a repensar a operação em Goiás é a elevada carga tributária já existente em itens como Bebidas (17%) e Vinhos e destilados (25%).

Apesar da crise, o grupo abre em média seis novas unidades por ano no Brasil. Somente na Grande Goiânia, o serviço de delivery contempla mais de 35 bairros e inclui um criterioso trabalho de logística, tecnologia e segurança alimentar, que se estende desde a preparação dos pratos a higienização e limpeza dos baús das motos, onde as refeições são acomodadas para entrega. O possível fechamento da operação em Goiás, irá interferir não apenas na cadeia de fornecedores de alimentos, mas em pelo menos 700 postos de trabalhos diretos e indiretos, contabilizando exclusivamente a operação localizada no Shopping Flamboyant.