Quando, como e onde surgiu o primeiro pit-dog de Goiânia

Curta Mais conversou com o homem que garante ter inventado o modelo de negócio que hoje conta com mais de 800 pontos e é marca registrada da capital

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
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Em terra de pit-dog, sanduba sem bacon, milho e batata palha é um pecado mortal. Goiânia, famosa pela música sertaneja (calma, tem rock do bom por aqui também), povo bonito e acolhedor, do pequi, da pamonha, além de uma noite movimentada e boa gastronomia, tem orgulho de ser a terra natal do pit-dog – nossa mais famosa comida de rua.

Mas afinal de contas, qual a origem desse pequeno negócio que está presente em praticamente cada esquina e virou marca registrada de Goiânia?

Curta Mais conversou com o homem que garante ter inventado o modelo de negócio.

O ano era 1972, numa Goiânia com pouquíssimas opções gastronômicas, quando Jorge Abdala Rassi e seu irmão Jacob abriram uma sanduicheria na rua 7, no Centro de Goiânia, na época a região mais badalada da capital. Inspirados no animal de estimação da família, “um pequeno cachorrinho”, surgia o nome do novo negócio que quase foi batizado de “Little Dog” (na tradução do inglês, pequeno cachorro). A ideia foi afunilando com a sugestão de “Petit Dog” (um mix entre o francês e o inglês), até chegar finalmente em “Pit-Dog”, hoje uma das expressões goianas mais populares. “Tinha até um cachorrinho na logomarca”, conta. Os dois irmãos que tinham acabado de chegar de Curitiba, se inspiraram em um modelo do Sul do país. “Servíamos sanduíches dignos das melhores hamburguerias, tudo feito com carne de primeira e só ingredientes nobres. Vendo os food-trucks de hoje, lembro que já fazíamos isso há mais de 40 anos!”, conta.

Jorge relembra que o negócio fez sucesso instantâneo e a procura acabou originando o modelo de negócio que permanece sendo copiado até hoje na cidade, os trailers. “Em pouco tempo, a loja física bombou. Daí surgiu a ideia dos trailers – encomendamos quatro -, com sistema de água, gás, chapa, que atendiam uma verdadeira multidão nas praças do Avião, Universitária, Tamandaré e Cruzeiro”.

O original Pit-Dog, que nasceu na rua 7 no Centro, durou três anos até ser vendido e o modelo de negócio foi e continua sendo copiado até hoje. De acordo com o sindicato dos donos de pit-dogs (sim, a categoria conta com uma entidade própria, o Sindpit-dog), atualmente existem 800 pit-dogs em Goiânia). Mesmo com todo sucesso do pioneiro Pit-Dog, Jorge conta com um orgulho especial sobre a Confeitaria Holandesa, qua abriram logo depois de vender o primeiro negócio. “Vinha gente de toda parte só para comer os mais de 40 doces e salgados que produzíamos artesanalmente”. A confeitaria foi aberta na rua 8 com a 2 no centro e existe até hoje no mesmo endereço, mas não com a mesma proposta original.

“Acabamos não registrando o nome. Apesar de todo o sucesso, nem imaginávamos que fosse virar a tradição que virou, perdemos uma oportunidade financeira mas em compensação contribuímos com a história da nossa cidade”, comenta Jorge, que há 11 anos é servidor público do Estado e atualmente trabalha na área de comunicação da Segplan.

E que contribuição! Afinal, quem, por essas bandas, nunca sentou ao ar livre, no calçadão da praça ou em um cruzamento movimentado para se deliciar com um tudão, que atire o primeiro creme com leite condensado.

Goiânia é um prato (ou bandeja) cheio para quem adora se aventurar por esse tipo de programa. Em tempos de crise, um pit-dog pode ser a salvação para unir economia e matar a fome na moral.

Ao Jorge, ao Jacob e tanta gente que ajudou a construir essa deliciosa marca registrada cheia de sabor e tradição, nosso muito obrigado!

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O salvador das noites e madrugas nasceu em 1972.