Pirenópolis ganha ecoresort sustentável no Centro Histórico 

Novo empreendimento divide opiniões de turistas e moradores, mas terá pré-lançamento nessa quinta-feira, 23

Adelina Lima
Por Adelina Lima
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 (Imagens do projeto: Divulgação)

Anunciado em novembro de 2015, a Quinta Santa Bárbara Ecoresort dividiu opiniões na cidade de Pirenópolis. Enquanto alguns viram o projeto como mais opção de investimentos na cidade e ampliação de opções de hospedagem para os turistas, outros foram contra o empreendimento, alegando que o mesmo poderia trazer danos a cidade como descacterização do Centro Histórico, desordenamento do trânsito e até prejuízos ao patrimônio. Apesar da mobilização dos moradores, inclusive através de petição online, na época, os projetos foram aprovados pela Prefeitura e nessa quinta-feira, 23, acontece o pré-lançamento do Ecorsort em Pirenópolis. 

Os responsáveis pelo projeto garantem que o empreendimento estará em perfeita harmonia com a arquitetura da cidade e contribuirá com a economia e o turismo local. “Desde quando começamos a pensar esse projeto, nossa intenção foi adotar um conceito arquitetônico que tivesse em completa harmonia com a história, cultura e arquitetura da cidade, ou seja, um empreendimento com a cara de Pirenópolis. Essa proposta irá proporcionar aos hóspedes experiências inesquecíveis e marcantes, totalmente inseridas no destino”, explica a arquiteta Juliana Mesquita, responsável pelo projeto de arquitetura do Quinta Santa Bárbara Eco Resort e diretora da BSA Arquitetura.

Já o morador e membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), Mauro Cruz, explica que a área onde será edificado o projeto fica sobre um solo de nascentes, “uma várzea de solo hidromórfico de alta absorção e retenção de água, e que deveria se tornar um parque, pois a área é essencial para a contenção de enxurradas que descem dos bairros a montante e que podem invadir o Centro Histórico”. Qundo questionado sobre sua posição a favor ou contra o projeto, Mauro afirma que está mais para neutro. “Quanto ao empreendimento, nada tenho contra nem a favor, pendendo um pouco para contrariedade, mas redimido pelo direito do proprietário e pela falta de regulamentação de nosso turismo”. 

O ecoresort

O empreendimento será construído em área do Centro Histórico, ao lado da Igreja Nosso Senhor do Bonfim. O projeto é uma reestruturação da antiga Pousada Quinta Santa Bárbara, que está na cidade desde início dos anos 80. Com uma proposta de integração ao conjunto arquitetônico da cidade e respeito ao meio ambiente, o terreno de 60 mil m² será ocupado com edificações em apenas 10% de sua área total, terá 72% de área permeável, e 30 mil m² de áreas verdes, que incluem a área de preservação permanente (APP). As edificações terão altura máxima de 8,5m² em até dois pavimentos.  A arquitetura será em estilo colonial e contará com elementos contemporâneos.  No total, serão 192 apartamentos de um ou dois quartos.

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 (Imagens do projeto: Divulgação)

Além dos apartamentos, os hóspedes contarão com uma completa estrutura de lazer que inclui praça de eventos, redários, piscinas aquecidas adulto e infantil, piscina de hidromassagem, piscina com toboágua, playground, brinquedoteca, quadra poliesportiva, fitness, salão de jogos, sauna, pista de caminhada inserida dentro das áreas verdes, lago contemplativo, restaurante e salão de eventos, além de 181 vagas de estacionamento.

 

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  (Imagens do projeto: Divulgação)

As obras de infraestrutura do terreno serão iniciadas em julho de 2016 e as obras das edificações estão previstas para começar em 2017. A expectativa é que, durante as obras, cerca de 130 pessoas sejam contratadas, de forma direta ou indireta. Quando entrar em operação, a previsão é que o empreendimento gere mais de 100 empregos formais, entre diretos e indiretos. Trabalhos de artesãos locais serão utilizados na montagem do empreendimento, na decoração de ambientes de áreas comuns e interior dos apartamentos, movimentando assim a economia.

 

Sustentabilidade e infraestrutura urbana

Será construída na Rua Santa Bárbara galeria de água pluvial com dezenas de “bocas de lobo” para captação e escoamento de enxurradas, que estará ligada a uma rede pluvial interna ao terreno e estas serão amortecidas em bacias construídas em sistema de gabião que irão corrigir um antigo problema de inundações no local.

Juntamente com a ação de reflorestamento da Área de Preservação Permanente (APP) existente na área, será realizado um trabalho de educação ambiental com crianças carentes do bairro vizinho e suas famílias, possibilitando a produção de mudas que serão adquiridas pelo empreendimento. A área a ser reflorestada tem aproximadamente 25.000m².

O empreendimento não utilizará água da rede da cidade fornecida pela Saneago. Após liberação de outorgas, foram perfurados três poços artesianos, além da limpeza de um outro já existente. Esses poços foram doados para a Saneago que utilizará o excesso como contribuição ao abastecimento da cidade.

Além disso o projeto irá promover captação e tratamento de águas das chuvas, instalação de sistema de aquecimento solar, instalação de transformador e grupo gerador, implantação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), para tratar 100% dos resíduos produzidos no empreendimento e não poluir o subsolo, as águas dos córregos e os rios da cidade.

As chamadas águas cinzas (provenientes de chuveiros e lavatórios) serão tratadas pela ETE e reutilizadas para molhar jardim, lavar calçadas e para abastecer as descargas das bacias sanitárias. As águas negras (que possuem resíduos sólidos orgânicos) serão tratadas e usadas para produzir adubos que serão aproveitados para manutenção das áreas verdes do terreno.

 

Benefícios para o turismo​

Atualmente, o turismo é a principal economia de Pirenópolis, cujo desafio é se tornar um destino cada vez mais conhecido. De acordo com dados da Goiás Turismo, 86% dos visitantes da cidade são de Goiânia, Anápolis e Brasília. Já o Ministério do Turismo diz que apenas 4% dos 51 milhões de turistas internos que circulam pelo Brasil manifestam interesse pelo Centro-Oeste.

O Quinta Santa Bárbara Eco Resort irá contribuir para alterar esse cenário em Pirenópolis. Um dos benefícios será o estímulo à ocupação da cidade no meio da semana através da modalidade de aquisição, a fração imobiliária, alternativa em que o apartamento é comercializado para vários compradores, que dividem o tempo de uso da propriedade.

“Nessa modalidade, o usufruto é feito por semanas inteiras, a tendência é que o hóspede permaneça nas cidades durante os sete dias, estimulando a economia”, explica Josemar Borges Jordão, da B3 Hotels. Vale ressaltar que a fração imobiliária é um direito real, na qual o proprietário recebe escritura registrada em Cartório de Registro de Imóveis e pode inclusive ser deixado como herança aos sucessores.

O empreendimento também será associado à RCI – empresa líder mundial em intercâmbio de férias e que integra o grupo Wyndham Worldwide, uma das maiores empresas do mundo na indústria de hospitalidade. Com isso, irá atrair turistas de outras regiões do País e hóspedes internacionais.

Na prática, a RCI funcionará da seguinte forma: os proprietários de frações no Quinta Santa Bárbara Ecoresort poderão trocar suas semanas no empreendimento por hospedagens em hotéis e resorts credenciados à RCI no Brasil e no mundo. Em contrapartida, o empreendimento de Pirenópolis passará a ser um destino disponibilizado pela RCI para seus mais de 3,8 milhões de associados espalhados em diferentes países