Pesquisadores da UFG mapeiam 271 aves no Cerrado

Uma das espécies foi detectada pela primeira vez em Goiás; outras oito espécies pouco documentadas foram mapeadas pelo estudo

Adelina Lima
Por Adelina Lima
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Entre as flores do Pequi e as árvores de Buritis, um observador atento pode presenciar o vai e vem de aves de todos os tamanhos, cantos e cores. Direcionado a esse universo, um projeto de pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) mapeou 271 espécies de aves do Cerrado encontradas em 17 fragmentos florestais espalhados pelas regiões sul, central, leste e noroeste de Goiás. Uma delas foi registrada pela primeira vez no território goiano.

Na região sul do estado, 17 das espécies encontradas são vinculadas à Mata Atlântica. Em fragmentos mais próximos ao noroeste de Goiás, foram registradas 14 espécies da Floresta Amazônica. Essa é a região que abriga os maiores blocos florestais e se destacou por hospedar espécies ameaçadas de extinção, como a Arara-azul, o Jacu-de-barriga-castanha e o Mutum-de-penacho. O Araçari-miudinho-de-bico-riscado (Pteroglossus inscriptus), presente no Tocantins e na região Amazônica, teve o seu primeiro registro documentado em Goiás, em um dos fragmentos situados em São Miguel do Araguaia, noroeste goiano.

A pesquisa também foi responsável pelo segundo registro documentado no estado do Tauató- Pintado (Accipiter poliogaster). A ave, quase ameaçada de extinção em âmbito mundial, foi encontrada no centro goiano, na Floresta Nacional de Silvânia. Seu primeiro registro em Goiás ocorreu em 1953. “São espécies que não esperávamos encontrar”, afirmou a pesquisadora Shayana de Jesus. Ao todo, oito espécies pouco documentadas foram mapeadas pelo estudo.

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Conservação
O projeto tentou catalogar quais espécies estão em cada região e, com isso, perceber o grau de conservação dos fragmentos. Ao final, os pesquisadores identificaram 13 aves com sensibilidade alta aos distúrbios ambientais, entre elas o Tauató-pintado e o Capitão-castanho. “São aves sensíveis às alterações ambientais, podendo desaparecer de fragmentos pequenos ou isolados”, afirmou Shayana de Jesus. Dentre as aves mapeadas, 115 são espécies dependentes florestais, ou seja, alimentam-se e se reproduzem principalmente em florestas.

Na avaliação do professor de Ciências da Natureza da Educação Intercultural da UFG e coordenador do projeto, Arthur Bispo, o resultado chama a atenção para o fato de Goiás ainda ser pouco estudado na área da Ecologia das paisagens. “O estado possui alguns estudos de catalogação de aves, realizado principalmente pela Fundação Museu de Ornitologia, porém esse é um dos primeiros trabalhos que avaliou os efeitos do processo de fragmentação sobre a diversidade de aves”, explicou.

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Com informações: Sala de Imprensa da UFG

Fotos: Arquivo do projeto