O que existia em Goiânia antes de se tornar a cidade que conhecemos

Antes de se tornar capital do estado, o que tinha em 'Goiânia'?

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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Há 1.200 anos, a região do Condomínio Habitacional Vale dos Sonhos, localizado às margens da BR 153, saída para Brasília, foi povoada. Em 2000, nessa região fora encontrada uma urna funerária com restos de ossos humanos, sendo caracterizado “como um vasilhame cerâmico de 74cm de altura, 49cm de bojo e 48cm de diâmetro, com borda reforçada externamente e com espessura de 15mm.” De acordo com as análises dos fósseis, acredita-se ser do sexo feminino, entre 35 e 50 anos, com estatura aproximada de 1,60m.

Bem perto dali, logo do outro lado da BR, no atual Condomínio Residencial Aldeia do Vale, foram encontrados mais fragmentos cerâmicos, machado polido e fuso. Em todo o Brasil, estão registrados, pelo menos, 10 mil sítios arqueológicos, sendo mil no Estado de Goiás. Só no município de Goiânia estão registrados 26, que cobrem um período de 1.200 anos atrás até o final do ano de 1800. Antes da chegada dos europeus ao continente americano, a região era ocupada por povos indígenas como: Caiapós, Javaés, Xavantes, Xacriabás, entre outros do tronco linguístico Macro-Jê.

“Esse tipo de ocupação pré-histórica não aparece apenas em Goiânia, mas em muitos outros lugares do Brasil, indo desde o litoral de Pernambuco até os Estados de Tocantins, de Mato Grosso e outras regiões de Goiás, áreas norte, centro, sul e sudeste, ou seja, passando pelas porções central e oriental do Mato Grosso Goiano, altos afluentes dos rios Tocantins, Paranaíba e Araguaia, regiões dos rios Uru e Corumbá, Bacia do Paraná e município de Orizona.” Esse conjunto de sítios com semelhantes características é chamado Tradição Aratu, que possui momento mais antigo de ocupação por volta do século 9 d.C.

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Image: Uol

Os sítios datados do século 12, revelam a ocupação de grupos horticultores e ceramistas da tradição Aratu e de outra chamada Uru, que construíam aldeias e confeccionavam grandes vasilhames de cerâmica e assadores para o processamento de beiju. Esses sítios também estão localizados na região sul do Estado, em cidades como: Goiânia, Trindade, Guapó, Aragoiânia, Varjão, Nazário, Anicuns, edéia, Pontalina, Aloândia, Joviânia e Goiatuba.

Pelos idos de 1735, a capital da capitania Goiás, era Vila Boa (atual Cidade de Goiás), e foi nesse período que as primeiras propostas para a mudança da capital acontecessem. Na época, Marcos José Noronha e Brito, então governante da província, almejava a transferência da capital Vila Boa para Meia Ponte (atual Goiânia). Seu sucessor, Miguel Lino de Morais, em 1830, propôs que a capital fosse transferida para a região onde, hoje, se localiza o estado do Tocantins.

O fim do ciclo do ouro na região provocou a estagnação da capital Vila Boa. Então, em 1863, o também governante da província Goiás, José Vieira Couto de Magalhães, retorna à proposta de Miguel Lino, em seu livro “Primeira Viagem ao Rio Araguaia”, no qual descreve a decadente situação de Vila Boa: “temos decaído desde que a indústria do ouro desapareceu […] continuar a capital aqui é condenar-nos a morrer de inanição, assim como morreu a indústria que indicou a escolha deste lugar.” Só após a Proclamação da República (1889) é que foi promulgada a primeira Constituição do Estado de Goiás, em 1º de junho de 1891, que previa a transferência da sede governamental em seu artigo 5º. Artigo que foi mantido nas constituições seguintes, 1898 e 1918. Enfim, fundado em 24 de outubro de 1933, antes de ser denominado município de Goiânia, o município passou dois anos inominado, sendo referido em registros oficiais como “futura capital”, “nova capital” e, até, “cidade nova”.

E, foi só no dia 2 de agosto de 1935, por força do disposto no artigo 1º do decreto estadual número 327 é que se deu a denominação Goiânia à nova capital. Acredita-se que o nome “Goiânia” seja uma adaptação ortográfica e, possivelmente, fonética do título do livro “Goyania” (1896), primeira publicação literária com temática voltada para Goiás, enquanto este, pode ser uma derivação do nome de um grupo indígena local, Guaiá, que significa “gente de mesma origem”, por não existirem registros oficiais, tratam-se apenas de teorias.  

Informações livro: Formas e tempos da cidade (Orgs. Manuel Ferreira Lima Filho; Laís Aparecida Machado)

Capa: Adão Imóveis