Leite de barata é quatro vezes mais nutritivo que o leite de vaca

Este tem sido apontado como o suplemento alimentar do futuro

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
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Uma espécie de barata específica, a Diploptera punctata, adotou uma tática parecida à dos mamíferos e abandonou os ovos – o meio de reprodução padrão dos insetos – para adotar uma espécie de útero, um órgão especial no interior do corpo em que os filhotes crescem alimentados por uma substância análoga ao leite.

A barata não tem mamilos e não alimenta suas crias após o “parto”. Por isso, a ordenha é impossível. Para extrair e analisar a substância, os pesquisadores fizeram pequenos cortes na barriga dos filhotes, onde o líquido, após consumo, se transforma em pequenos cristais.

O resultado das análises indicou uma concentração notável de lipídeos, proteínas eaçúcares, uma composição que, ao que tudo indica, deixaria um pote de whey protein com inveja – são quatro vezes mais nutrientes que o leite de vaca. 

Um pequeno salto para a ciência, um grande passo para a academia do bairro. 

Leonard Chavas, um dos cientistas que estão por trás da descoberta, perdeu uma aposta com os demais pesquisadores e precisou tomar um gole da substância. “Tem um gosto que não se parece com nada em especial”, afirmou à rede americana CNN.

A pesquisa foi resultado de uma colaboração entre membros do Instituto para Biologia de Células-Tronco e Medicina Regenerativa em Bangalore, na Índia, com especialistas de outras instituições.

Por ser altamente proteico e nutritivo, esse poderia ser um alimento ideal para as próximas gerações, que devem enfrentar uma “crise alimentar”: estudos recentes mostraram que nos próximos anos o planeta receberá uma quantidade de humanos cada vez maior e a produção de alimentos – principalmente de carne, fonte de proteínas – não acompanhará o crescimento populacional. Alternativas proteicas, portanto, serão fundamentais para garantir o sustento dos humanos.

Em estudos futuros, os cientistas devem tentar produzir esses cristais sintéticos em larga escala no laboratório, para verificar se seriam tóxicos aos humanos. Confira abaixo o vídeo feito pelos pesquisadores que mostra os “cristais” produzidos pela Diploptera punctata (em resolução atômica):