Finlândia vai pagar salário igual a todos e só vai trabalhar quem quiser a partir do ano que vem

Ideia é trocar as diversas ajudas financeiras sociais por apenas uma e combater a pobreza

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque

Trabalho, não nego. Vou, quando quiser. Desaforo? Não na Finlândia. O país que gosta de inovar quando se trata de políticas em geral, surpreende o mundo mais uma vez com a possibilidade de garantir renda mínima universal a todas as pessoas, sem que elas precisem trabalhar. Entenda melhor a proposta.

A novidade agora é que a Finlândia quer testar como será o comportamento de sua população se todos receberem uma renda mínima sem precisar trabalhar, nem nada.

O objetivo do governo com essa iniciativa é trocar as diversas ajudas financeiras sociais por apenas uma, de valor fixo e igual para todos e assim combater a pobreza, pois hoje, algumas regiões estão com índice de desemprego da população ativa em 20%.

Outra meta almejada com essa ideia é reduzir os gastos com programas sociais, aperfeiçoando os serviços e reduzindo o número de funcionários públicos necessários.

“Sempre existiram e sempre existirão pessoas que escolhem viver de uma maneira frugal, com muito pouco dinheiro, e são felizes assim. Não há muitos estudos científicos sobre quantas pessoas se enquadram neste caso”, indica o economista Marc de Basquiat, autor de uma tese sobre o assunto na França.

“Mas as pesquisas já feitas na França, nos Estados Unidos ou no Canadá mostraram que o número daqueles que param completamente de trabalhar é muito marginal. É preciso acabar com a fantasia em torno desse assunto: em regra geral, as pessoas querem se integrar na sociedade e, para isso, elas exercem uma atividade”, ressalta.

Inicialmente, o valor estipulado por especialistas seria entre € 400 (R$ 1.768) e €700 (R$ 3.095). Pesquisa recente mostra que 80% dos finlandeses se mostraram favoráveis à iniciativa.

“O objetivo é dar escolhas para as pessoas, sobre como elas vão trabalhar. Se elas querem trabalhar em tempo integral, em meio período, ou mudar para um trabalho que faça, de fato, sentido para elas”, explica Nicole Teke, coordenadora internacional do Movimento Francês por uma Renda de Base (MFRB). ”O mais difícil é mudar a mentalidade das pessoas sobre esse assunto, fazer com que elas percebam que o trabalho pode ter um outro valor. É mais uma questão de mentalidade do que de economia.”