Fantástico revela novos crimes de João de Deus

O médium é acusado de tentativa de assassinato

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Por Redação Curta Mais
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Após as denúncias de abuso sexual cometidos pelo médium João de Deus, revelados pelo GLOBO e o programa “Conversa com Bial” em dezembro, novos relatos vieram à tona neste domingo. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, uma mulher afirmou ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato. De acordo com ela, há 46 anos, depois de ter sido abusada pelo médium, João de Deus teria disparado contra ela três vezes e, por fim, atirado seu corpo num rio. Ela conta que foi resgatada das águas por um pescador. Ainda ao “Fantástico”, o advogado do médium, Alberto Toron, afirmou que as acusações não são acompanhadas de provas. Ele criticou ainda o Ministério Público por, segundo ele, não dar acesso aos depoimentos dos que acusam João de Deus.

O “Fantástico” também tratou de outros casos pelos quais o médium já havia sido denunciado, entre eles o de ter sido o mandante de dois assassinatos, de tráfico de cocaína e de material radioativo (autunita, mineral que contém urânio). Os casos ou foram arquivados ou terminaram com a absolvição do médium. Para o Ministério Público, as denúncias indicam que o médium contava com uma rede de proteção formada por autoridades de Abadiânia, incluindo policiais e delegados. 

João de Deus estava preso desde dezembro e, na última sexta-feira, foi transferido para o Instituto de Neurologia de Goiânia, para receber atendimento médico . Segundo o pedido da defesa do réu, acolhido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele está debilitado e necessita de cuidados especiais.

A mulher que acusa o médium no “Fantástico” relatou ter ido à Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus realizava seus atendimentos e cirurgias espirituais, com uma tia doente. Na ocasião, ela conta, ele a levou de carro até uma ponte para fazer “uma limpeza espiritual”. Quando estavam no local, o médium tirou a roupa da então adolescente de 17 anos e também ficou nu.

— Eu falei: “Não, me deixa, eu vou casar. Não faz isso, não” — lembra ela. — Quando ele praticou o ato sexual comigo, eu comecei a ter uma hemorragia muito forte — diz ela, acrescentando que, diante da situação, o médium se desesperou e tentou matá-la atingindo sua cabeça: — Eu acredito que tenha sido uma pedrada. Eu pegava no cabelo, o sangue descia todo. Depois ele disparou a arma.

Na época, ela, que ainda tem uma bala alojada no pescoço, acabou não denunciando o caso à polícia e só decidiu falar agora, após tomar conhecimento das muitas denúncias contra João de Deus. A tentativa de homicídio que ela relata teria acontecido em 1973 e, portanto, o crime já prescreveu.

Em outro processo, de 1982, no qual o médium foi absolvido por falta de provas, ele é acusado de ser o mandante da morte de um taxista. Em depoimento ao MP e à Polícia Civil, uma testemunha afirmou que João de Deus teria encomendado o assassinato por achar que sua mulher estaria tendo um caso com a vítima.

O “Fantástico” cita ainda o assassinato de uma alemã em 2006 que, segundo testemunhas, teria sido morta a mando do médium por ameaçar destruir a reputação dele. A testemunha também só prestou depoimento à polícia após a onda de denúncias contra João de Deus. O processo, no entanto, já havia sido arquivado em 2016.

— Foi uma morte em consequência da ameaça que ela havia feito de divulgar que a casa Dom Inácio é uma farsa — relatou uma nova testemunha, em entrevista ao programa.

Há ainda relatos de tráfico de drogas e de material radioativo. Em 1985, João de Deus foi detido com outras três pessoas enquanto tentava transportar ilegalmente uma tonelada de autunita. Na ocasião, ele respondeu em liberdade e, posteriormente, também foi absolvido. Três anos depois, em 1988, em depoimento, um traficante acusou João de Deus de participar de tráfico de cocaína. Essa denúncia não chegou a ser investigada à época. (As informações são do jornal O Globo)