Facebook tira do ar páginas de fake news e atinge o MBL que reclama de censura

MBL confirmou que páginas e contas ligadas ao movimento foram desativadas, mas negou a acusação de propagação de fake news. Movimento Brasil 200, de Flávio Rocha, também foi atingido

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
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O Facebook retirou do ar nesta quarta-feira (25) uma rede de páginas e contas usadas para divulgação de notícias falsas. Segundo a agência Reuters , parte dessa rede pertencia ao Movimento Brasil Livre (MBL), conhecido por pedir o impeachment de Dilma Rousseff (PT). O MBL confirmou que páginas e contas ligadas ao movimento foram desativadas nesta manhã e acusou a rede social de censura. 

Segundo a Reuters, parte da rede de páginas e contas usadas para propagação de “fake news” era administrada por membros importantes do MBL. A agência apurou que as páginas desativadas do MBL tinham juntas mais de meio milhão de seguidores e divulgavam de notícias sensacionalistas a temas políticos. O viés era conservador. Algumas das páginas desativadas seriam o “Jornalivre” e “O Diário Nacional”.

A agência diz que os membros do MBL eram capazes de divulgar suas mensagens coordenadas como se as notícias viessem de diferentes veículos de comunicação independentes. Devido a essa manipulação e ao conteúdo veiculado, as páginas foram enquadradas como propagadoras de notícias falsas.

O Facebook confirmou, em nota, que retirou do ar páginas e contas usadas para divulgação de notícias falsas. A rede social, porém, não identificou quais foram as páginas nem os nomes do usuários envolvidos.

“Como parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos e depois de uma rigorosa investigação, nós removemos uma rede com 196 Páginas e 87 Perfis no Brasil que violavam nossas políticas de autenticidade. Essas Páginas e Perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”, diz Nathaniel Gleicher, líder de cibersegurança do Facebook. 

A ação realizada nesta quarta-feira (25) faz parte da política do Facebook de combate a notícias falsas, principalmente em períodos eleitorais. “Nós estamos agindo apenas sobre as Páginas e os Perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras.”

O MBL também divulgou uma nota para confirmar que algumas páginas do grupo e diversas contas de coordenadores do movimento foram retiradas do ar na manhã desta quarta-feira. O movimento nega a acusação de que as páginas e contas propagavam “fake news” e diz que vai usar todos os recursos possíveis para recuperar as páginas derrubadas e reverter o que chama de “perseguição”.

“A alegação, dada pela rede social, é a de que se trata de coibir contas falsas destinadas a divulgação de ‘fake news’. Entretanto, muitas dessas contas possuíam dados biográficos estritos, tais como: endereço profissional, telefones pessoais, contatos familiares, entre outro, informações verídicas tornando, portante, absurda a acusação de que se tratavam de contas falsas”, diz a nota do MBL.

O movimento completa que as páginas do grupo desativadas somavam mais de meio milhão de seguidores e que tinham como objetivo divulgação de “ideias liberais e conservadores – o que não é crime”. O movimento também diz que as páginas denunciavam “fake news”. 

O MBL citou, ainda, que o Facebook tem um viés político e ideológico contra grupos e líderes de direita ao redor do mundo e que a rede social não tem como pilares a “liberdade de expressão” e a “democracia”.

Além do MBL, a ação do Facebook atingiu também o movimento Brasil 200, criado pelo empresário e ex-presidenciável Flávio Rocha. O movimento confirmou que teve sua página retirada do ar nesta quarta-feira sob a alegação de prática de “fake news”. 

O Brasil 200 diz que a rede social cometeu um erro na sua avaliação e que a equipe jurídica do movimento “buscará contato com a empresa, no sentido de normalizar a situação e colocar a página no ar novamente o mais rápido o possível”.

No Twitter, Flávio Rocha afirmou que o Facebook cometeu uma “violência”. “A que pretexto? Conclamo a bancado do Brasil 200 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbrietaridade. Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo.”