Desembargador ameaça abandonar audiência por causa de roupa de advogada em Goiânia e vídeo repercute
'A senhora vem fazer sustentação oral de camiseta, doutora? Se for pra fazer, eu saio', disse ele
Um vídeo gravado em Goiânia nesta última quinta-feira (17) tem repercutido nas redes sociais desde que chegou à internet.
Nele, o desembargador Eugênio Cesário aparece interrompendo um julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT – Goiás) para repreender a advogada Pamela Helena de Oliveira Amaral pelo modo como ela se vestia na ocasião.
É possível ouvir Eugênio dizer: “Nós temos um decoro forense a cumprir. A atividade do advogado requer esse decoro também. A senhora tem que estar à altura, na forma e na aparência, do exercício dessa atividade”.
“A senhora vem fazer sustentação oral de camiseta, doutora? Se for pra fazer, eu saio”, conclui o desembargador, que se retirou da sala de audiências e só retornou depois que outra advogada emprestou um terno a Eugênia.
Assista:
— Curta DLZ (@curtadlz) August 19, 2017
O vídeo foi registrado por um advogado que acompanhava, inconformado, a fala do desembargador. Internautas foram às redes sociais para comentar o ocorrido:
“Ele errou feio em constranger ela assim no meio do povo todo. Quis dar uma de ‘sabe de tudo’ e no final perdeu toda a razão”, comentou Mateus Yan no vídeo.
“Bombeiro tem uniforme, médico tem uniforme, PM tem uniforme…não quer seguir as normas da sua posição que já entrou sabendo desde a graduação? Melhor perguntar se é ser advogada mesmo que ela quer”, disse Pedro Danilo em outro comentário.
Pâmela Helena pretende representar contra Eugênio na OAB, que em nota já manifestou repúdio à atitude do magistrado:
“A Comissão da Mulher Advogada, da OAB, tomaram conhecimento, pelas mídias sociais, onde circulam vídeo e relatos de presentes aos fatos, que uma advogada foi severamente agravada por um magistrado em razão da vestimenta que usava, e também impedida de subir à Tribuna, para cumprir seu dever profissional”.
Em nota, Eugênio sustentou sua posição e disse que
“Deveria este julgador ter se omitido, ter sido avestruz, ter oferecido essa pequena cota de contribuição para a esculhambação geral em que está se transformando o estado brasileiro, tudo em nome do populismo barato e irresponsável? Era para ter deixado a doutora participar do julgamento de camiseta?”
“Em todo o incidente, tratei a nobre advogada com urbanidade. Interrompi o ato, a doutora se paramentou e o seu processo foi julgado”, escreveu. “Nunca fui omisso, ainda que para ser agradável ou sair bonitinho na foto”, concluiu.