Conheça a pacata (e incrível) São João D’Aliança, portal da Chapada dos Veadeiros

Cheia de encantos a cidade que nasceu da mistura de diferentes povos e histórias possui belezas de encher os olhos

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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O município de São João D’Aliança teve seu primeiro registro em 1910, um minúsculo povoado com duas casas e uma capela dedicada a São João Batista. Povoado este que pertencia ao Município do Forte e se chamava Capetinga [tupi-guarani que significa ‘água branca’ ou ‘águas claras’]. Algum tempo depois, em homenagem ao padroeiro, o povoado passou a se chamar São João da Capetinga.

Dezesseis anos depois, por ali atravessou a Coluna Prestes, passando por trilhas cavaleiras com uma comitiva de políticos. na época, ponto de apoio da Aliança Liberal, o município teve seu nome modificado, novamente. Em 1931 o povoado foi elevado à categoria de vila, sendo denominada São João D’Aliança.

Então, em 1939, a vila perdeu seu posto, quando se tornou distrito do município de Formosa, o que durou muito pouco, voltando a ser município apenas 15 dias depois.

Três histórias rodeiam a cultura do povo de São João D’Aliança:

1 – do Distrito do Forte, vila localizada ao pé da Serra Geral do Paranã, vem a história de uma comunidade negra, provavelmente remanescente de quilombos.

2 – outra de origem europeia, trazida pela trajetória que remete ao século 18 e tem como protagonista Antônio Rebendoleng Szervinsk.

3 – o terceiro eixo se dá pela própria história do Brasil: com o fim da escravidão, no século 19, o governo mantinha suas estruturas de poder baseadas no coronelismo dos grandes fazendeiros e nos tecnoburocratas das cidades. Na região, as famílias Chrisóstomo, Fernandes, Souza e Carmo tomavam conta do poder.

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Imagem: Divulgação | Prefeitura de São João D’Aliança

Assim, da Fazenda Olhos D’Água, à beira de nascentes, terras foram doadas para a construção da paróquia, de onde surgiu a vila de Olhos d’Água, que hoje é a cidade de São João d’Aliança.

Foram os interesses políticos que fizeram com que, em 1930, a sede do município fosse transferida do Forte, no Vale do Paranã, para a Vila Olhos d’Água, na Chapada dos Veadeiros. A disputa de poder entre os coronéis marcou a história da região e compôs, ao lado da matriz africana e polonesa, os coloridos fios da trama conforme a cultura de São João d’Aliança.

A Cidade Atual

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Imagem: Divulgação | Prefeitura de São João D’Aliança

Atualmente a cidade já consegue abastecer boa parte da região, tendo municípios vizinhos como compradores de suas mercadorias, cortando um pouco o longo caminho, antes percorrido até Brasília.

A cidade conta com duas emissoras de rádio, diversos mercados de porte médio, autopeças e oficinas mecânicas. Também há um hospital, postos de saúde, farmácias e laboratório.

De maneira geral, completa infraestrutura, pronta para receber turistas.

A Cultura

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Imagem: Divulgação | Prefeitura de São João D’Aliança

Devido aos grandes períodos de isolamento das áreas urbanas, a cultura são-joanense é bastante peculiar. A mistura de índios, negros e brancos poloneses, junto aos costumes ruralistas foram moldando essa incrível população.

Das festas podemos citar as danças folclóricas [curraleira, lundu, catira e sapatedo]; a literatura [trovas, versos, poesias, rezas e ladainhas em latim]; tem também as celebrações religiosas [Caçada da Rainha; Santo Reis; São Sebastião; Nossa Senhora do Rosário; Romaria Nossa Senhora da Abadia do Muquém; Nossa Senhora dos Verdes; Santa Luzia; Divino Espírito Santo e Divino Pai Eterno].

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Imagem: Divulgação | Prefeitura de São João D’Aliança

Por vezes, os calendário são ajustados às datas comemorativas nacionais. Dali surgiram artistas, poetas, trovadores, repentistas, contadores de causo, pintores, escultores, raizeiros, fitorerápicos, parteiras, rezadeiras, benzedeiras e outros.

A Economia

A exploração de manganês nos meados do século passado até os anos noventa carregou da região milhares de toneladas de minério de ferro para abastecer siderúrgicas em Minas Gerais e São Paulo, mantendo a economia do município aquecida.

Com grande espaço de Cerrado aberto, dois possantes pilares se levantam na parte econômica: a pecuária (gado de corte) e a monocultura de grãos como soja e milho, seguida do feijão irrigado. Com o agronegócio, o município de São João d’Aliança passa a se tornar um importante celeiro de alimento e renda. O comércio da cidade também começa a despontar, gerando empregos e mantendo equilíbrio na economia.

O Turismo

Entre os principais atrativos turísticos do municípios estão os ecoturísticos. O município é privilegiado com a interação da Chapada dos Veadeiros e a proximidade de Brasília. Ainda emergente e tímido, o turismo começa a dar positivos sinais de que um grande braço se levanta a favor de ganhos socioeconômicos e ambientais.

Podendo ser considerado o “Portal da Chapada” (por ser o primeiro município da Chapada dos Veadeiros a partir de Brasília), São João d’Aliança conta com um Centro de Atendimento ao Turista, uma associação de guias e uma agência de ecoturismo, apesar de melhorias necessárias em termos de pousadas e restaurantes.
Entre seus principais atrativos ecoturísticos, destacam-se:

• Cachoeira das Andorinhas – A Cachoeira das Andorinhas fica na região do Córrego Rodeador, na Serra Geral do Paranã. São 26 km da sede de São João d’Aliança, sendo 10 km de trecho pavimentado e 12 km de trecho não pavimentado além de uma trilha de 4 km, às vezes escorregadia, cuja caminhada leva, em média, uma hora para se realizar, com nível médio de dificuldade. A queda possui grande beleza e, em determinadas épocas do ano, as andorinhas, com seus ninhos por detrás da queda d’água, atravessam a cachoeira e a sobrevoam, justificando seu nome. Há um poço ideal para o banho na parte superior da cachoeira, antes da queda. De lá, a 997 m de altitude em relação ao nível do mar, tem-se uma bela vista.

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Imagem: Cachoeira São Cristóvão | Recanto das Cachoeiras

• Cachoeira São Cristóvão – É também conhecida como Cachoeira do Pastor e está localizada na região do Chico do Morro, na Serra Geral do Paranã. O acesso se dá por via não pavimentada, 14 km distante da sede de São João d’Aliança. Do rancho para as cachoeiras do Córrego Veadeiros há uma pequena trilha interna de 800 m, que é realizada em cerca de 30 minutos, com nível médio de dificuldade. São duas quedas d’água, uma com 33 m e outra com 55 m. É possível tomar banho no poço da primeira queda. Alguns metros adiante, justamente onde começa a segunda queda, tem-se um belo mirante do Vale do Paranã. No rancho são servidas refeições típicas da culinária goiana feitas em fogão à lenha, ideal para arrematar um dia de caminhada.

• Cachoeiras São Pedro – Localizadas na Fazenda Bela Vista, no Vale do São Pedro, na Serra Geral do Paranã, estas cachoeiras fazem parte da microbacia do córrego São Pedro. São 19 km de trecho não-pavimentado até a trilha. Para a Cachoeira São Pedro I, são 1,5 km de trilha, que leva em média 40 min para serem feitos. Já para a cachoeira São Pedro II (de 37 m de altura), a trilha tem 2 km, que levam em média 1h de caminhada para serem completados, e tem um trecho com alto grau de dificuldade.

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Imagem: Cachoeira do Label | Recanto das Cachoeiras

• Cachoeira do Label – Com seus 187 Metros de Altura, o Rio Extrema com suas águas esverdeadas “despenca” da serra do Paranã na borda leste da Chapada, formando a cachoeira e o complexo de piscinas naturais e atrações da reserva Bellatrix. A queda está entre os maiores atrativos do Brasil, ocupa a posição de maior cahoeira do Goiás e é a mais alta da Chapada dos Veadeiros. Trilha: Caminhada de 1800 metros – trilha auto guiada com implementação de sistemas de gestão de segurança . Nivel de dificuldade : médio/alto. Os primeiros 1600 metros contém 05 pontos de visitação com grau de dificuldade moderado.

Os últimos 200 metros de trilha tem nivel de dificuldade alto, caminhada em terreno irregular com obstaculos. Seu acesso se dá pela estrada da represa do paranã a 26 Km da cidade de São Joao da Aliança. Histórico O nome Label vem de uma comunidade quilombola que se localizava na região do topo da cachoeira. Ainda existem vestígios da ocupação no local. O Nome ficou conhecido como marco de seu povo, que após a expansão agrícola e oportunidades geradas pelos políticos locais foram oferecido lotes para os antigos moradores, que se instalaram na cidade.

Aos poucos esta referência se deu por abrigar o “Povo do Label”, remanescentes de escravos refugiados ainda na época da “fomação do Forte”, que sediou a comarca dos municípios de Formosa, Cavalcante e região. O Forte tornou-se um ponto e marco histórico do Goiás por ter sido durante um período, a sede do município de Formosa e tem este nome por ser protegido pelas paredes intransponíveis da Serra do Paranã. A visitação da cachoeira se iniciou nos anos 90, onde fez parte do inventário de cachoeiras e atrações da Chapada.

Manteve-se com acesso precário e difícil durante um bom tempo. Em meados de 2017, a equipe Veadeiros Canionismo, composta por Marcello Nissen, Ion David, Guilherme Pedrebon , Gabriel Urzedo e Julio Itacaramby, realizou a conquista da cachoeira, que supostamente teria 120 metros de altura, onde se surpreenderam ao constatar que a medição foi de 187 metros. A medida foi obtida através de técnicas de confecção de croquis técnicos da atividade que servem como orientação para próximas descidas. Entrada: R$ 15,00 Possui área de camping com estrutura básica. (R$ 25,00 p pessoa /dia); almoço por encomenda R$ 35,00 p/ pessoa. 

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Imagem: Cachoeira do Cantinho | Flickr naty_chocolate

• Cachoeira do Cantinho – O Cantinho é a cachoeira com o maior volume de água, e um dos poços mais fundos do município, localizada a uma distância de 45 km da cidade, sendo 2 km de asfalto e 43 km de terra. É feita uma caminhada de 1 hora em trilha com médio grau de dificuldade. A cachoeira do Cantinho, com seus 30 m de altura, despenca entre as rochas e forma um acortinado de beleza ímpar escolhendo o rio Cachoeirinha como seu leito eterno.

• Balanço do Mário – Bem pertinho de São João d’Aliança, a apenas 10 km de asfalto, 1,2 km de terra e 100 m de trilha, o Balanço do Mário tem banheiro, comida e rancho de apoio. O balanço e o trampolim ficam sobre o Rio das Brancas, onde com medo, coragem e determinação, o visitante se lança num frenesi, passando momentos inesquecíveis.

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Imagem: Bocaina de Farias | Goiás Turismo

• Bocaina do Farias – Também conhecida como Buraco do Farias (ou Cânion do Farias pelos praticantes do canionismo), a região leva o nome de dois rios que ali nascem: Faria e Farinha. É uma área peculiar da Serra Geral do Paranã, abrigando cachoeiras, canyons, rios e piscinas naturais. Está localizada a uma distância de 65 km da sede do município de São João d’Aliança, sendo 35 km pavimentados e 30 km em estradas de terra. Depois do trajeto de carro, caminha-se em uma trilha de aproximadamente 6 km, com médio grau de dificuldade e alguns trechos bastante íngremes.

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• Fazenda Boa Esperança – Localiza-se na Serra Geral do Paranã, ao norte do córrego Extrema, distante 25 km da sede do município de São João d’Aliança. Para chegar até a fazenda é necessário cavalgar por aproximadamente 6 horas, em um caminho muito acidentado que corta a Serra Geral. O esforço é recompensado quando se chega à fazenda onde estão localizadas três cachoeiras espetaculares. A primeira leva o nome da fazenda e se encontra a aproximadamente 20 minutos de caminhada da sede da propriedade. Tem 10 m de queda d’água e é extremamente bela e intocada. A segunda queda d’água se chama Cachoeira do Quintal, tem por volta de 8 m de altura e é um ótimo local para se refrescar sem ter que se deslocar muito. A terceira cachoeira, intitulada Véu de Noiva, é a maior delas, com 72 m de altura e duas quedas d’água, uma ao lado da outra.

• Cascatas do Dominguinhos – Pequenas quedas d’água e piscinas naturais formadas pelo Rio Carestia, são os atrativos das Cascatas do Dominguinhos. O estacionamento fica a poucos metros dos pontos de banho. Para chegar até lá são 4km de asfalto mais 3km de terra. As trilhas são consideradas de nível fácil. 

O Município de São João D’Aliança fica na Região da Chapada dos Veadeiros.

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Mais informações:

CAT São João D’Aliança – (62) 3438-1161

Site da Prefeitura de São João D’Aliança

Como chegar: Seguindo pela BR-020 até a DF-345, finalizando pela GO-118. (Distância Goiânia: 355km | Distância Brasília: 153km)