As 9 escritoras goianas mais importantes da literatura brasileira

Conheça mais sobre as escritoras pioneiras em Goiás e sua representação histórica e literária para o estado

Adelina Lima
Por Adelina Lima
b4bb795b68306edd97ea9ee910474023

O estado de Goiás tem muitas escritoras representativas. Entretanto, o reconhecimento dessas mulheres ainda é muito pequeno quando comparada aos representantes masculinos. Essa constatação indica que apesar da existência de muitas escritoras, o processo de reconhecimento ainda é lento. Mas quem foram as pioneiras na literatura goiana?

Confira abaixo as 9 maiores escritoras de Goiás:

CORA CORALINA

29c3e495929efd7a9c1bdbdf3a367faa.jpg
Provavelmente é uma das autoras mais reconhecidas na literatura brasileira. Tendo concluído apenas a 4ª série do ensino fundamental, Cora encanta a todos que entram em contato com seus livros, poemas, poesias e artigos que destilam a alegria de viver. Teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 – “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, quando já tinha quase 76 anos de idade.

LÊDA SELMA

2911deb8616cf7565fbaa036f475fca5.jpg
Membro da cadeira 14 da Academia Goiana de Letras, Lêda é poetisa, contista, cronista, e integra várias antologias nacionais e internacionais. É verbete em diversos trabalhos críticos goianos, e, também, em obras de alcance nacional como “Dicionário de Mulheres”, de Hilda Agnes Hübner Flores, e “Enciclopédia de Literatura Brasileira”, Afrânio Coutinho. Publicou 14 livros (7 de poemas e 7 em prosa).

MARIA ROSÁRIO CASSIMIRO

d51ce5fa113c4ea25f89ba52a5d959e4.jpg
Natural da cidade de Catalão, Cassimiro. Educadora, escritora e professora brasileira, ex-presidente da Academia Feminina de Letras de Goiás e ex-reitora da Universidade Federal de Goiás entre os anos de 1982 e 1985. Foi a primeira mulher a exercer o cargo de reitora em uma universidade federal brasileira. As suas principais obras são “Além do Tempo” (Editora Kelps), “Umas e Outras” (Editora Kelps) e “O Processo Educativo” (Editora UFG).

LEODEGÁRIA DE JESUS

a744e74a1fe69c6076b663024f81261c.jpeg
Leodegária Brazília de Jesus nasceu em Caldas Novas em 1889. Ela foi uma das primeiras mulheres a lançar um livro de poemas em Goiás. Documentos apontam 1906 como ano da publicação da sua primeira obra, “Coroas de Lírios”, que ela teria escrito aos quinze anos e publicado aos dezessete. O fato de ter sido uma escritora negra marcou as dificuldades que a escritora enfrentava naquela época. Tanto que, durante muito tempo, sua obra caiu no ostracismo. Uma revisão da literatura aponta que os poemas de Leodegária não foram bem recebidos quando publicados. Sua literatura é autobiográfica, carregada de romantismo e forma parnasiana. Na época em que Leodegária escreveu seus livros, seu estilo literário modernista já despontava em outras partes do Brasil, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Isso mostra o tardio contato da literatura goiana com o movimento.
A escritora Darcy Denófrio descreve Leodegária de Jesus como o primeiro punho lírico feminino em Goiás. “Mulher admirável, foi ela pioneira em mais de um sentido: estudou até Latim, numa época em que as mulheres brasileiras morriam analfabetas; foi chefe de família, quando a mulher não cumpria esta função; foi escritora, quando a mulher não escrevia; escreveu livro de poemas entre os 14 e os 15 anos, época em que a mulher aprendia tão somente os ofícios domésticos em prisão domiciliar; publicou-o mal entrando em seus 17 anos, quando os poetas, seus pares, tinham idade para ser seus pais ou até mesmo seus avós; e numa década pródiga em livros, rica para a Literatura Goiana, quando foi dela a única voz que salvou a mulher do total silêncio nas Letras, perdurando o seu solo por quase meio século.”

DARCY DENÓFRIO

8177d3ec36904f15c5aca430ee815dd7.jpg
Autora de mais de duas dezenas de livros didático, crítico e literário. Sua crítica tem-se voltado fundamentalmente para difusão da Literatura Goiana. Dedicou trinta anos de sua vida ao magistério, destacando-se como professora de Teoria literária nos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Goiás. Seu nome integra algumas antologias, entre as quais A Poesia Goiana no Século XX, de Assis Brasil. Em 2006, contou com uma seleção de poemas publicada na revista acadêmica Sirena (2006:1), traduzida ao espanhol. Em três oportunidades teve também poemas traduzidos, lidos e distribuídos em brochuras na Middle Tennessee State University, nos EUA. Sempre lutou pela divulgação da literatura goiana.

YÊDA SCHMALTZ

6500871423dfdf1c2a77bd6dc91bf378.jpg
Recém-nascida no estado de Pernambuco 1941, foi levada para Ipameri (GO), terra do seu pai. É neta do poeta Demóstenes Cristino um dos iniciadores do modernismo em Goiás. Bacharel em Letras Vernáculas e em Direito, foi professora da Universidade Federal de Goiás, Instituto de Artes. Tem mais de 20 obras publicadas, recebeu inúmeros prêmios e distinções, cabendo destacar o da Associação Paulista de Críticos de Arte, reconhendo sua obra “Baco e Anas brasileiras” como o melhor livro de poesia, em 1985. Yêda foi voz feminina da poesia de Goiás.

ROSARITA FLEURY

cb50c2dc0f7967abf1b13462d0519fe6.jpg
A grandiosidade obra dessa escritora foi Elos da Mesma Corrente, onde Rosarita retratou a realidade da mulher goiana. O livro é uma longa amarra narrativa, unindo (ou desunindo) famílias em Goiás. É um verdadeiro documentário sociológico e geopolítico de Goiás, no final do século XIX (1886-1899). Retrata os usos, costumes, indumentária, culinária, religiosidade e linguajar, tanto na zona rural quanto na velha Capital de Goiás. Há nesse romance sinais de predomínio da cultura francesa nas famílias mais abastadas, de elos mais fortes. Há também espectros de escravas mexeriqueiras, pretas-velhas carinhosas, carregadeiras d’água dos chafarizes. O legado de Rosarita é agora difundido por sua filha Maria Elizabeth Fleury Teixeira, ex-presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás.

MARIETTA TELLES MACHADO

677e231aafbec4d85e4db49b8edc31d1.png
A escritora foi aluna do clássico colégio Liceu de Goiânia e sua veia literária já se manifesta nos jornais estudantis da escola. Como bibliotecária e seguidamente bolsista de várias instituições, viaja pelo Brasil e pelo mundo, fazendo cursos de especialização em Biblioteconomia, sua área favorita. Tanto fundou a Biblioteca Central da UFG de que fora diretora (1973-1981). Predominantemente contista e cronista, também foi pesquisadora, memorialista, documentarista, ensaísta, poetisa, escritora de peça teatral, conferencista, produtora de cultura e conhecedora das artes em geral. Consta uma dezena de antologias de prosa e verso, verbete em vários dicionários de literatura em Goiás e de fora do Estado, como no livro Ensaístas brasileiras, de Heloísa Buarque de Hollanda e Lúcia Nascimento Araújo, dentre outros. Marietta Telles Foi tema de estudo para muitos escritores.

NELLY ALVES DE ALMEIDA

6e9d8972e61726f32473d67f2f77323c.jpg

De professora de Filologia, por sua paixão e interesse em estudar os caminhos do verbo e da culta e bela língua portuguesa, passou a ensaísta, reconhecida e admirada fora de nossas fronteiras regionais. Entusiasta e participante acadêmica, integra os quadros da Academia Goiana de Letras. Foi cofundadora da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. O ecletismo de sua personalidade criadora, no dizer de Nice Monteiro Daher, fez com que sua capacidade de trabalho se estendesse aos campos da poesia, do conto e da crônica, ganhando destaque a sua produção ensaística, e da crítica, que fizeram dela o símbolo da mulher literária goiana.