Artista goiano restaura suas obras vítimas da ação do tempo e do vandalismo

Suas esculturas gigantes impressionam e sua história também

Kenji Takahashi
Por Kenji Takahashi
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Os viajantes que chegam à cidade goiana de Mineiros pela BR-364, têm uma atraente surpresa bem na entradinha da cidade! São 16 esculturas em tamanhos gigantes de animais típicos da região, como emas, Tatu Canastra, seriemas, Lobo Guará, Tamanduá-bandeira e corujas buraqueiras – todas inauguradas em 2012, anunciando o Portal do Parque Nacional das Emas, a 80 KM de Mineiros. As esculturas já são colírios aos visitantes e moradores da cidade, mas a história por trás delas torna suas belezas ainda mais encantadoras.

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Elas foram criadas por Sinval de Carvalho, artista plástico autodidata nascido ali mesmo em Mineiros, mas que tem ganhado o mundo em sua trajetória de produções artísticas. Para se ter uma noção, ele já está há 30 anos atuando em várias esferas artísticas. Em verdade, tudo começou muito antes, quando ele ainda era criança e brincava produzindo artesanatos. Foi nesta época que ele percebeu possuir uma sensibilidade aguçada para a criação.

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Já maior, Sinval ingressou no cinema atuando como assistente de cenografia, aderecista e contrarregra. Ele já trabalhou em produções cinematográficas internacionais, sendo algumas delas verdadeiros clássicos, como por exemplo “Missione d’amore”, “Timmy” e “Orquídea Selvagem”. Dentre as produções brasileiras, Sinval já trabalhou com Os Trapalhões e a Xuxa, em filmes como “O Mistério de Robin Hood” e “A Árvore da Juventude”. “A Grande Arte”, do aclamado diretor Walter Salles e mais inúmeros trabalhos na TV completam o currículo de Sinval.

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Mas foi no carnaval do Rio de Janeiro onde Sinval começou a trabalhar com esculturas, por volta de 1991, já tendo criado peças para escolas como Vila Isabel e Unidos do Cabuçu, além de agremiações em São Paulo e Florianópolis. Todo esse talento ajudou Sinval a criar as esculturas da entrada do Parque Nacional das Emas, além, como ele deixou claro em uma entrevista ao Curta Mais, do apoio do governo vigente na época da criação das obras e da prefeitura de Mineiros.

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A questão é que tais obras, que chamam a atenção de muitos turistas, começaram a sofrer danos causados pela ação do tempo e pelas ações de alguns visitantes que ousam até subir nas esculturas para tirar fotos. Preocupado em manter as obras em bom estado, Sinval procurou ajuda da prefeitura de sua cidade e, após lutar pelo apoio por cerca de dois anos, ele finalmente pôde dar início ao trabalho de restauração das belas esculturas.

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Sinval de Carvalho enxerga em suas esculturas uma chance de manter a história viva. “Esses monumentos são de suma importância para nossa cidade, são símbolos máximos que temos aqui em nosso município; o que identifica realmente nossa cidade são esses monumentos, então não tem como deixar acabar essas obras”, afirmou Sinval.

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Além disso, tais monumentos são considerados símbolos da luta pela biodiversidade dos animais do cerrado – muitos deles em risco de extinção. A defesa da fauna do cerrado é uma das bandeiras levantadas por Sinval em suas obras.

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Os planos para o futuro dizem respeito sobre continuar espalhando suas obras pelo mundo, indo além dos locais que ele já foi, como uma de suas obras que está em Medellín, na Colômbia. Como diz o artista, “nasci aqui, mas minha casa é o mundo.”

Fotos: Arquivo Pessoal/Sinval de Carvalho. Foto de Capa: Arquivo Pessoal/Sinval de Carvalho.