Haitiana deficiente visual foge de terremoto em seu país e acaba se tornando advogada em Brasília

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Por developer

Após um terremoto de grandes proporções em 2010, que devastou o Haiti, causando a morte de mais de 200 mil pessoas e afetando a vida de outras três milhões, a jovem Nadine Taleis acabou fugindo para a República Dominicana. Em 2015, após ir ao Equador, a jovem viajou de ônibus até a fronteira do Brasil com o Peru, no Acre, a jovem, que tem 15% da visão, tentou empregos e acabou ficando para trás. Hoje, em 2018, a mulher de 35 anos se formou em Direito e acabou por conseguir a sua carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil, coroando uma história de superação.

Ao se mudar para o Brasil, Nadine dividia um espaço com mais de mil pessoas em um ginásio que não apresentava condições ideais. O grupo de migrantes que vivia ali aguardava a documentação para poder viajar a outros países ou então esperavam por alguma oportunidade de poder trabalhar.
Um funcionário do abrigo colocou Nadine em contato com parentes que moravam no Distrito Federal. Em 2013, Carlos e Loide Wanderley a acolheram e acabaram se tornando a segunda família de Nadine, já que os pais haviam falecido quando ela era apenas uma criança.

Em Brasília, Nadine se formou em Direito na Faculdade Mauá, após economizar e conseguir, com muito esforço, pagar as cinco primeiras mensalidades. A haitiana conseguiu uma bolsa integral e também a oportunidade de estagiar na faculdade. Os esforços da estudante iam além e ela acabava por gravar as aulas e contava com o auxílio de um programa de computador que lia tudo para ela. “Era muito difícil e eu não gostava de me fazer de vítima por conta da deficiência. Mesmo assim eu não perdia nenhuma aula”, afirma.

Na manhã desta sexta-feira (7 de dezembro), a recompensa para Nadine veio em uma solenidade na sede da OAB-DF. Ela conseguiu se titular em um ano com mais de 70% de reprovações.

Oradora da turma, seu discurso foi carregado de emoção, aplausos, suspiros e até risadas com os seus novos colegas de profissão. “Sei que a gente teve que passar por dificuldades, lutar até chegar aqui. Tenho certeza que alimentamos o sonho desde o momento que sentamos na faculdade. Não foi fácil para mim. Saí de um país muito pobre onde hoje a violência é muito difícil”, disse. A agora advogada terminou seu discurso agradecendo o Brasil por ter acolhido a jovem e também por ter dado a oportunidade de estar ali, desfrutando do momento profissional.

Nadine, que fala creonte, francês, espanhol, inglês e português, revelou querer dar mais um salto na carreira e se tornar juíza.

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Fotos e fonte: Jornal de Brasília